O Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) anunciou nesta quinta, 24, a venda de sua subsidiária na Argentina para o Banco Macro. O negócio, segundo comunicado divulgado pelo Itaú, envolve cerca de R$ 250 milhões. O valor exato da operação, porém, será definido apenas depois de cumpridas todas as condições contratuais e a obtenção das autorizações exigidas pelos órgãos regulatórios.
Apesar de ter uma história de aquisições na América Latina, onde é o banco brasileiro com a maior presença, a transação indica que o Itaú dará prioridade aos negócios no Chile e na Colômbia, onde está em expansão - no ano passado, desembolsou US$ 830 milhões para adquirir 100% do capital do banco chileno Corpbanca.
Movimento que não aconteceu na Argentina, que passa por nova crise econômica. Suas operações no país vizinho representavam menos de 1% do lucro do conglomerado.
Após a conclusão da venda do Itaú Argentina ao banco Macro, o Itaú informou que continuará atendendo os "clientes corporativos locais e regionais, e pessoas físicas dos segmentos de wealth e private banking, por meio de suas unidades internacionais".
Representação
O banco também disse que submeterá à aprovação das autoridades reguladoras na Argentina e no Brasil um pedido de abertura de escritório de representação no país vizinho, que "conduzirá as atividades permitidas por sua licença e pelas demais condições do acordo de compra e venda".
O Itaú desembarcou na Argentina em 1995, com a abertura de uma agência em Buenos Aires. Em 1998, comprou o Banco Del Buen Ayre. Passou, então, a operar como Itaú Buen Ayre e, posteriormente, Itaú Argentina. A operação local tinha cerca de 1,5 mil funcionários e 71 agências, estrutura menor do que a existente no Chile, onde conta com 5,2 mil funcionários, e na Colômbia, que emprega 2,3 mil pessoas.
Na carteira de crédito, a unidade era a menor, com R$ 9,6 bilhões em operações e crescimento de 7,9% em um ano, abaixo da média do conglomerado. A carteira de crédito do Itaú na América Latina - que, além de Argentina, Chile e Colômbia, conta ainda com operações no Uruguai e no Paraguai - totalizava R$ 216,6 bilhões no segundo trimestre, com lucro recorrente de R$ 769 milhões.
O Itaú Argentina era o 18.º maior banco do país em total de créditos em abril. A saída do Itaú do mercado bancário argentino ocorre a menos de dois meses das eleições presidenciais no país vizinho, em 22 de outubro.
Desafios
Com a aquisição, o Banco Macro se consolida como a maior instituição privada de capital argentino no país, além de continuar a ser o banco privado com a maior rede de postos de atendimento no país, com 565 agências e 9,4 mil funcionários.
Mas terá diante de si um desafio do tamanho dos problemas econômicos argentinos, que se intensificaram nas últimas semanas depois que o liberal radical Javier Milei foi o mais votado nas eleições presidenciais primárias. Entre suas propostas, Milei defende o fechamento do Banco Central.
No primeiro trimestre, o lucro do Macro caiu 20%, para 9,7 bilhões de pesos (o equivalente a R$ 195 milhões). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.