Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco superou estimativas de lucro no primeiro trimestre, apoiado em margens robustas nas operações de crédito e menores despesas administrativas, mas fez provisões maiores para perdas com calotes e piorou estimativas para despesas e crédito, refletindo a fraqueza da economia do país.
O maior banco privado brasileiro anunciou nesta terça-feira um lucro líquido de 5,733 bilhões de reais no período, aumento de 29,74 por cento ante igual etapa de 2014. Na base recorrente, o lucro somou 5,808 bilhões de reais, incremento de 28,2 por cento ano a ano e acima da previsão de analistas consultados pela Reuters, de 5,59 bilhões de reais.
Um dos principais fatores para o resultado veio da margem financeira, que subiu 27,8 por cento, a 15,96 bilhões de reais, refletindo tanto as margens maiores na concessão de empréstimos como ganhos maiores com tesouraria, na esteira da alta da Selic.
O estoque de financiamentos do banco fechou março em 543,39 bilhões de reais, aumento de 13,2 por cento em 12 meses, com destaque para as linhas consignado e imobiliário, com altas de 81 por cento e 19,6 por cento, respectivamente. Já a carteira de automóveis encolheu 29 por cento, a 26,3 bilhões de reais.
O avanço também teve impacto da alta do câmbio sobre créditos no exterior -a carteira jurídica da América Latina subiu 41,7 por cento- e de concessões maiores para exportações.
Na semana passada, Bradesco e Santander Brasil anunciaram avanço em 12 meses de 7,2 por cento e 18 por cento, respectivamente.
De todo modo, o Itaú Unibanco reduziu sua previsão de aumento dos empréstimos em 2015, de 6 a 9 por cento para 3 a 7 por cento. Em contrapartida, a expectativa de alta da margem financeira gerencial passou de 10 a 14 por cento para 14,5 a 17,5 por cento.
A expansão do crédito veio acompanhada da décima primeira queda consecutiva da inadimplência medida pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, a 3 por cento. No fim de dezembro, esse indicador tinha sido de 3,1 por cento, enquanto no primeiro trimestre de 2014, o índice fora de 3,5 por cento.
De todo modo, as despesas com provisões para perdas esperadas com calotes somaram 5,515 bilhões de reais no período, altas de 19,5 por cento e de 29,7 por cento nas bases sequencial e anual, nesta ordem.
Segundo a instituição, o movimento deu "continuidade no reforço do provisionamento para grupos econômicos do segmento de
grandes empresas". O banco, aliás, elevou a previsão de avanço das despesas de provisões para perdas com inadimplência em 2015, descontada a recuperação de créditos, da faixa de 13 a 15 bilhões para 15 a 18 bilhões de reais.
As despesas administrativas somaram 9,88 bilhões de reais de janeiro a março, aumento de 9,3 por cento sobre 12 meses antes. O Itaú Unibanco mudou também a previsão de avanço desta linha em 2015, de 6,5 a 8,5 por cento para 7 a 10 por cento.
Em contrapartida, as receitas com tarifas e serviços evoluíram 13,4 por cento, a 6,867 bilhões de reais, apoiadas sobretudo em cartões de crédito e serviços de conta corrente.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido anualizado do Itaú Unibanco foi de 24,2 por cento, ante 22 por cento de igual etapa de 2014 e 24 por cento do trimestre anterior.
Em 31 de março, o conglomerado tinha 2.152 funcionários a menos que um ano antes. O índice de eficiência teve melhora de 5 pontos percentuais em um ano, a 43,2 por cento.
(Por Aluisio Alves)