Por Ana Mano e Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A JBS (SA:JBSS3), maior processadora de carnes do mundo, mantém como "opção estratégica" para a companhia a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da subsidiária norte-americana JBS Foods International, apesar dos escândalos de corrupção e questões sanitárias, que afetaram imagem do setor de proteína animal no Brasil.
Em abril, todas as operações da JBS estarão em conformidade com os requisitos de auditoria e compliance sob a lei contábil norte-americana Sarbanes-Oxley, afirmaram os executivos da JBS em teleconferência sobre o resultado trimestral da companhia nesta quinta-feira, dando mais um passo para a listagem da unidade em bolsa.
"É a melhor opção para destravar valor", afirmou o presidente do conselho de administração e diretor de Relações com Investidores da companhia, Jeremiah O'Callaghan.
Em outubro do ano passado, a JBS cancelou o IPO nos EUA de sua subsidiária após escândalos de corrupção e problemas relacionados à operação Carne Fraca no Brasil minarem a demanda de investidores para a operação.
O'Callaghan disse que a JBS ainda está lidando com as consequências de acordos de leniência feitos pelo ex-presidente executivo e pelo ex-presidente do conselho, que admitiram subornos a políticos brasileiros. Ele disse que a companhia está realizando uma investigação interna como parte dos esforços de colaboração junto a autoridades brasileiras e norte-americanas.
A JBS divulgou um prejuízo inesperado na quarta-feira, com o resultado afetado por ajustes no valor de contratos de derivativos e pelo o fraco desempenho da JBS Brasil, embora, de modo geral, a performance operacional tenha sido forte.
Às 12:55, as ações da companhia subiam 2,36 por cento, a 9,11 reais, entre as maiores altas do Ibovespa. Na máxima, subiram 5,2 por cento. Os papéis vêm de uma série de sete sessões de queda, tendo acumulado até a véspera recuo de quase 9 por cento no período.
Uma forte geração de caixa ajudou a companhia a reduzir seu endividamento medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda para 3,38 vezes, a menor da indústria segundo os executivos.
"Nós fizemos mais rápido e melhor que o planejado", afirmou o diretor global de operações da JBS, Gilberto Tomazoni, referindo-se aos esforços de desalavancagem. Ele disse que a companhia continuará reduzindo o endividamento, por meio de geração de caixa, até alcançar um nível de 2 vezes o Ebitda em 2019.
A JBS disse que a demanda global por proteína animal crescerá de forma constante até 2030 e que suas operações de carne bovina e couro na América do Sul são as únicas que não estão apresentando um bom desempenho.
"Performamos melhor que cada um dos nossos competidores em cada um dos segmentos nos mercados em que operamos", disse o presidente das operações da JBS nos EUA, Andre Nogueira. "Do ponto de vista da nossa unidade nos EUA, 2018 vai ser ainda melhor do que 2017", acrescentou.