SÃO PAULO (Reuters) - A JBS espera acelerar a redução de seu endividamento no próximo ano com ajuda dos recurso da oferta inicial de ações (IPO) nos Estados Unidos da subsidiária JBS Foods International, afirmou o presidente-executivo do grupo brasileiro de alimentos, Wesley Batista, nesta terça-feira.
O executivo não informou quanto a empresa pretende levantar com o IPO da unidade, mas afirmou que 100 por cento dos recursos serão usados para redução da alavancagem do grupo, que encerrou setembro em 4,32 vezes dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). A dívida líquida somava 48,855 bilhões de reais.
As ações da empresa tinham forte alta nesta terça-feira, avançando mais de 16 por cento às 15:58, enquanto o Ibovespa mostrava alta de 1,6 por cento.
Com isso, os papéis se recuperavam com sobra das perdas sofridas após o bloqueio da primeira proposta de reorganização pelo braço de participações do BNDES, em outubro.
Entre a negativa do BNDESPar, ocorrida entre outros fatores por não gostar da ideia de que a sede do grupo ficaria sob uma entidade na Irlanda, e a segunda-feira, o valor de mercado da JBS tinha caído em 3,31 bilhões de reais. Porém, de segunda-feira até a máxima desta terça-feira o valor da empresa avançou 4,88 bilhões de reais, segundo cálculos da Reuters.
Analistas do Credit Suisse consideraram que o IPO da JBS Foods International, sediada na Holanda e que vai reunir todos os negócios internacionais da empresa, mais a divisão Seara de alimentos processados, tem potencial para destravar valor para o grupo, sendo um catalisador para as ações.
Batista afirmou que a JBS pretende transferir todos os bônus da JBS SA (SA:JBSS3) para a JBS Foods International de modo a balancear a dívida do grupo e que a empresa pedirá permissão aos detentores do papel nos próximos meses para este passo. "A proposta é fazer o balanceamento completo do endividamento antes do IPO".
Segundo o executivo, a nova estrutura proposta traz os mesmos benefícios da operação barrada anteriormente pelo BNDES e o fato de a sede da subsidiária ser na Holanda não trará necessariamente nenhum ganho adicional para o grupo. "Eu entendo que o banco (BNDES) viu esta nova estrutura proposta com bons olhos", disse Batista durante teleconferência com analistas.
Ele frisou, no entanto, que o plano atual do IPO da JBS Foods International não precisa do crivo do BNDES para seguir adiante já que o grupo pode fazer uma emissão de ações de até 10 por cento de seus ativos totais a cada 12 meses. Atualmente, a JBS SA tem cerca de 55 bilhões de reais em ativos.
Segundo Batista, a JBS Foods International terá duas classes de ações, mas apenas uma delas será listada na bolsa de Nova York, a classe A, que representará 1 voto para cada papel. A classe B, que ficará sob controle da JBS SA, terá poder de 10 votos por papel.
(Por Alberto Alerigi Jr.)