Por Tyrone Siu e Jessie Pang
HONG KONG (Reuters) - O Apple (NASDAQ:AAPL) Daily, jornal pró-democracia de Hong Kong, parece prestes a fechar as portas em definitivo na esteira de operações policiais e da prisão de executivos, um acontecimento que críticos dizem minar a condição de sociedade livre e aberta da cidade no momento em que o governo chinês amplia seu controle.
Mark Simon, conselheiro de Jimmy Lai, proprietário preso e crítico contundente da China, disse à Reuters nesta segunda-feira que o jornal será obrigado a fechar "em questão de dias", já que as autoridades congelaram o acesso ao principal capital operacional da empresa, necessário para salários de funcionários e outras despesas, alegando problemas de segurança.
Em um memorando interno a alguns funcionários visto pela Reuters, o Apple Daily disse que o conselho de sua empresa filiada, a Next Media, decidirá até o final de semana se o veículo continua ou não.
"Se o conselho decidir não continuar a operar na sexta-feira, (a edição) online deixará de atualizar às 23h59 daquele dia, e o jornal cessará a operação depois de publicar a edição de 26 de junho".
Não foi possível contatar a gerência do Apple Daily e do Next Digital para obter comentários.
Joia da coroa do negócio midiático da Next Digital, o Apple Daily é um tabloide popular fundado 26 anos atrás que mistura um discurso pró-democracia com fofocas de celebridades e reportagens críticas aos líderes comunistas da China.
Centenas de policiais vasculharam a sede do jornal, na semana passada, no âmbito de um inquérito de segurança nacional no qual executivos veteranos foram presos por um suposto "conluio com um país estrangeiro" e o equivalente a 2,32 milhões de dólares foram congelados.
Na noite desta segunda-feira (horário local), vários veículos de mídia de Hong Kong noticiaram que o Apple Daily e sua edição digital cessarão as operações até quarta-feira porque a maioria dos funcionários pediu demissão.