Berlim, 17 mai (EFE).- Jupp Heynckes, o técnico que levou o Real Madrid à sua sétima Liga dos Campeões da Europa, tentará coroar sua carreira com o que seria seu segundo título do torneio e o quinto do Bayern na principal competição de clubes europeus.
Heynckes retornou ao Bayern - equipe pela qual ganhou duas vezes o Campeonato Alemão no final dos anos 80 - no início desta temporada após uma longa trajetória que o levou a equipes como Athletic Bilbao, Tenerife, Real Madrid, Benfica, Schalke e Bayer Leverkusen.
Anos antes de voltar ao Bayern, Heynckes chegou a anunciar sua aposentadoria, e poucos acreditavam que algum dia ele voltaria a dirigir um time.
Seu retorno começou no final da temporada 2008/2009 quando, após o fracasso da experiência do Bayern com Jürgen Klinsmann, o presidente do clube, Uli Hoeness, pediu a seu amigo Heynckes que comandasse a equipe nas últimas partidas da temporada para tentar conseguir pelo menos a classificação à Liga dos Campeões.
Heynckes aceitou, cumpriu a tarefa e recomendou a Hoeness o holandês Louis van Gaal como seu sucessor. Quando a chegada de Van Gaal a Munique já era um fato, Heynckes sentiu que o banco de reservas ainda o chamava, e aceitou uma oferta do Bayer Leverkusen.
Na segunda temporada sob o comando de Heynckes, o Leverkusen se classificou para a Liga dos Campeões como vice-campeão alemão, ficando atrás apenas do Borussia Dortmund e logo acima do Bayern, que foi o terceiro e, em meio a uma crise que começou por maus resultados e se aprofundou com decisões controvertidas de Van Gaal, decidiu dispensar o holandês.
Hoeness estava cansado de certa tendência à egolatria de Van Gaal, que muitas vezes dava a impressão de se sentir mais importante que o próprio Bayern de Munique, e então decidiu recorrer a um homem que parece o oposto do holandês e no qual, além disso, podia confiar plenamente.
Ao contrário de Van Gaal e de outros treinadores na Europa, Heynckes não pretendia dar a sensação de ter inventado o futebol, e não chegou a Munique com plano de impor um projeto pessoal, nem um sistema próprio, mas assumiu o que já estava em andamento e tentou tirar disso o melhor partido possível. De fato, Heynckes aceitou o lado bom da herança que Van Gaal tinha deixado.
Ele não mudou o sistema tático e continuou jogando com o 4-2-3-1 que o holandês tinha imposto, tirou proveito de jogadores como Holger Badstuber e Thomas Müller, que seu antecessor havia lançado, e manteve a filosofia de tentar ficar com a bola o máximo possível.
Além disso, apesar de algumas partidas fracas - a final da Copa da Alemanha foi a pior delas, na qual o Bayern perdeu 5 a 2 para o Borussia - e alguns erros pontuais em outros duelos, é claro que no comando de Heynckes o comportamento defensivo melhorou notavelmente.
De fato, a equipe, com 22 gols sofridos, teve a defesa menos vazada do Campeonato Alemão - o que, em parte, se deve às atuações do goleiro Manuel Neuer.
Outro aspecto que o diferencia de Van Gaal é o tratamento que dá aos jogadores e à comissão técnica. Heynckes não gera conflitos, mas tenta resolver os que surgem e com serenidade.
Essa qualidade parece contagiosa e ajudou o Bayern a suportar uma segunda temporada até agora sem títulos sem que os alarmes da crítica fossem soados.
Se o Bayern ganhar, Heynckes se somaria a Ottmar Hitzfeld (Borussia Dortmund e Bayern), Ernst Happel (Feyenoord, Hamburgo) e José Mourinho (Porto e Inter) no seleto grupo de treinadores que conquistaram o título com duas equipes diferentes. EFE