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Juros ficam perto da estabilidade, monitorando cenário político e exterior

Publicado 06.08.2021, 15:02
Atualizado 06.08.2021, 18:10
© Reuters.  Juros ficam perto da estabilidade, monitorando cenário político e exterior

A curva de juros continuou afetada pelos ruídos políticos e piora do risco fiscal e, em menor grau, pelo impacto do payroll (dado de emprego norte-americano) forte. As taxas fecharam perto da estabilidade, com viés de queda na ponta curta e de alta na longa. Concluídos os ajustes ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado espera agora a ata da reunião para eventuais correções de exagero, mas de olho em Brasília e no estresse entre os Poderes.

Nesta sexta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, teve de atuar como bombeiro para apaziguar a escalada da tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ajudando a evitar o que se viu na curva nos últimos dias. A postura do Ministério da Economia, que, segundo fontes, vai vetar tudo o que não foi combinado no Refis, também contribuiu para estancar a sangria.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,475%, de 6,483% no ajuste anterior e a do DI para janeiro de 2023 passou de 8,179% para 8,155%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 9,05%, de 9,085% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2027 fechou em 9,40%, de 9,393%.

Enquanto a ponta curta oscilou de forma mais comedida, os longos passaram por um vaivém durante a sessão. O mercado já amanheceu pesado pelos eventos da quinta noite, com o corte de diálogo do STF com o Executivo e a discussão no Senado sobre retirar os precatórios da regra do teto, e estressou mais depois do payroll mostrar criação de 943 mil vagas em julho, ante consenso de 900 mil. O resultado pressiona a política monetária acomodatícia do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), reforçando o debate em torno da antecipação do tapering.

Nesse contexto, as taxas locais foram empurradas para cima já na primeira hora de negócios e o alívio veio com a informação apurada pelo Estadão/Broadcast de que o novo Refis aprovado no Senado não tem concordância da equipe econômica. Se o texto passar na Câmara, a recomendação será o veto de tudo o que não foi combinado, o que inclui o parcelamento amplo com descontos e multas para as empresas que não tiveram queda de faturamento durante a pandemia. Ainda, a proposta de retirada das despesas com o pagamento de precatórios do teto de gastos será abortada, pois também estaria fora do acordo.

No começo da tarde, vieram as declarações de Pacheco defendendo o diálogo entre os Poderes e o sistema eleitoral brasileiro e as taxas chegaram a virar para queda. Mas o movimento durou pouco, na medida em que Bolsonaro em seguida voltou a atacar o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, e as urnas eletrônicas e os juros zeraram o recuo.

"A instabilidade política e institucional segue testando limites e não vemos qualquer elemento mostrando mudança no curto prazo. Tal instabilidade tende a piorar com a proximidade das eleições e na medida em que as taxas de aprovação de Bolsonaro continuam caindo", afirma o economista-chefe do Haitong, Marcos Ross.

As turbulências em Brasília afetam principalmente ponta longa, que também é onde mais atua o investidor não residente. "Imagina para um investidor estrangeiro entender toda essa confusão", afirma o analista de Investimentos Renan Sujii, para quem é hora de entrar em cena o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. "Bolsonaro tem tomado a frente de tudo, vamos ver como ele (Ciro) vai fazer essa articulação", disse.

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