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Juros: Taxas têm alívio no fim do dia com Bolsonaro, mas curtas sobem com IPCA

Publicado 09.09.2021, 14:59
Atualizado 09.09.2021, 18:10
© Reuters.  Juros: Taxas têm alívio no fim do dia com Bolsonaro, mas curtas sobem com IPCA

A quinta-feira foi caótica para os juros futuros. Após explodirem na sessão regular, o mercado virou na etapa estendida, com forte devolução de prêmios e queda expressiva nas taxas. A repentina melhora veio após a divulgação de uma nota do Planalto, com tom conciliador do presidente Jair Bolsonaro em relação aos ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). A nota foi publicada com a jornada regular já encerrada, com taxas em disparada, provocada por ondas de stop loss ainda na esteira do IPCA acima do teto das estimativas e consequentes revisões para cima de inflação e Selic, além da crise institucional e movimento de caminhoneiros que põe em xeque o abastecimento de produtos no País.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022, hoje o mais negociado com 2,8 milhões de contratos, encerrou a 7,40%, de 6,983% ontem no ajuste, mas por volta das 17h30 projetava 7,25%. A do DI para janeiro de 2023 saiu de 8,796% ontem no ajuste para 9,245% no fim da regular e 9,05% perto das 17h30. O DI para janeiro de 2025, após fechar a regular em 10,27%, vindo de ajuste a 10,06%, marcava 10,04%. Por fim, o DI para janeiro de 2027 perto das 17h tinha taxa de 10,43%, de 10,72% no fim da regular e 10,54% no ajuste ontem.

Diante da escalada das tensões que sucedeu os discursos do presidente no 7 de Setembro com ameaças de desobediência ao STF, e que tiveram resposta dura do presidente da Corte, Luiz Fux, Bolsonaro hoje divulgou uma nota na qual sinaliza um recuo. O texto, que segundo a CNN foi redigido pelo ex-presidente Michel Temer, manifesta "respeito pelas instituições da República" e pela Constituição. "Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos poderes", disse.

A nota distendeu parte das tensões principalmente na ponta longa da curva, que é a que mais reage ao quadro político, mas muitas incertezas ainda pairam no ar. Durante a sessão regular, o IPCA e o movimento dos caminhoneiros é que ditaram o ritmo. O IPCA subiu 0,87% em agosto, superando o teto das estimativas (0,62% a 0,85%) com mediana de 0,70%. É a taxa mais elevada para o mês desde 2000. Em 12 meses, a inflação até agosto está perigosamente próxima aos dois dígitos, em 9,68%, e não se descarta que sejam superados no IPCA de setembro, segundo analistas. Não por acaso, muitas instituições agora esperam IPCA acima de 8% para este ano e de 4% para 2022.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, este IPCA já nasce como notícia velha. "Com os reajustes de energia e a crise hídrica aguda, isso somado aos efeitos de uma paralisação parcial dos caminhoneiros, faz que o mercado fique ainda mais resistente", disse.

À tarde, as taxas renovaram máximas, mas sem gatilho aparente. Segundo o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, os fatores foram os mesmos da manhã, com movimentos de zeragens de posição ganhando magnitude. "Ainda é o IPCA ruim, a fragilidade do quadro político e ruídos de desabastecimento com a paralisação dos caminhoneiros", relatou. Em seus cálculos, a curva precificava nesta tarde 50% de chance de alta de 1,25 ponto porcentual na Selic no Copom de setembro e 50% de ser 1,5 ponto. Para o fim do ano, os DIs indicam taxa básica de 9,5%.

O Tesouro contribuiu para evitar ainda mais estresse à curva, antecipando o edital do leilão para antes da abertura e ofertando volumes reduzidos de prefixados. A oferta de 450 mil LTN foi integralmente absorvida, mas somente 50 mil das 100 mil NTN-F ofertadas foram vendidas, sendo que nenhuma proposta do papel para 2031 foi aceita.

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