Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) proibiu nesta quinta-feira todo o comércio de antiguidades da Síria, ameaçou impor sanções a qualquer um que compre petróleo do Estado Islâmico e de militantes da Frente Al-Nusra, ligada à Al Qaeda, e exortou os países a não pagar mais resgates de reféns.
O conselho de 15 nações adotou por unanimidade a resolução elaborada pela Rússia, cuja aplicação é obrigatória e dá ao conselho a autoridade de impor decisões com sanções econômicas, mas não autoriza o uso da força militar.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, lamentou que o conselho não tenha mostrado a mesma unidade na tentativa de pôr fim à guerra civil de quatro anos na Síria, culpando o conflito pela ascensão do Estado Islâmico.
"Assim como repudiamos as monstruosidades perpetradas (pelo Estado Islâmico) também devemos continuar a repudiar a brutalidade do regime (do presidente sírio, Bashar al-Assad), que há muito tempo perdeu legitimidade para governar", declarou Power à entidade.
Ela rejeitou as afirmações de que os EUA precisam se unir ao governo de Damasco para confrontar os extremistas.
Há tempos o Conselho de Segurança da ONU está num impasse em relação à Síria, já que a Rússia, aliada de Assad, e a China vetaram várias resoluções sobre o conflito sírio.
A medida desta quinta-feira baniu o comércio de antiguidades sírias e reafirmou uma proibição à venda de artefatos iraquianos de cerca de uma década atrás.
A resolução demonstrou preocupação que o Estado Islâmico e outros grupos estejam "gerando receita pelo envolvimento direto ou indireto com o saque e o contrabando de itens da herança cultural... para financiar seus esforços de recrutamento e fortalecer sua capacidade operacional de organizar e realizar ataques terroristas".
De acordo com um relatório da ONU de novembro, foi muito difícil estimar quanto dinheiro o Estado Islâmico está obtendo com saques e o comércio de antiguidades sírias e iraquianas.
A resolução leva adiante iniciativas anteriores de mirar as vendas de petróleo do grupo radical e exorta os Estados a deter veículos chegando ou partindo de territórios sob domínio do Estado Islâmico e da Frente Al-Nusra, de onde as facções podem estar contrabandeando petróleo, metais, grãos, gado, eletrônico e cigarros para vender em todo o mundo ou trocar por armas.
Em novembro, a ONU avaliou que a renda de petróleo do Estado Islâmico varia entre 846 mil e 1,6 milhão de dólares por dia. Mas o Pentágono determinou que o petróleo não é mais a principal fonte de renda para o grupo extremista.
Diplomatas ocidentais afirmaram que isso se deve aos ataques aéreos à infraestrutura do petróleo e à queda no preço da commodity. O documento ainda disse que o Estado Islâmico estava arrecadando entre 96 mil e 123 mil dólares por dia com pagamentos de resgates.