SÃO PAULO (Reuters) - A produtora de papéis Klabin (SA:KLBN4) já vendeu 100 por cento da celulose de fibra curta e 70 por cento da celulose do tipo fluff e de fibra longa a serem produzidas em 2016 pela sua nova fábrica, no Paraná, cuja partida está confirmada para março, disse o diretor-geral da empresa, Fabio Schvartsman.
Os percentuais não se referem apenas ao contrato de comercialização firmado com a Fibria (SA:FIBR3), mas também aos volumes remanescentes vendidos diretamente pela Klabin.
A fábrica na cidade de Ortigueira produzirá 1,1 milhão de toneladas de celulose de fibra curta e 400 mil toneladas de fibra longa, parte convertida em fluff. O contrato com a Fibria prevê o fornecimento de pelo menos 900 mil toneladas de fibra curta para ser comercializada pela parceira fora da América do Sul, sendo que o volume adicional vendido pela Klabin pode ser direcionado para a América Latina e o de fibra longa e fluff para o mercado global.
Do volume de 2016 que a Klabin disse nesta quinta-feira já ter sido vendido, o grosso foi comercializado no Brasil, tanto para a fibra curta quanto para o fluff e a fibra longa, de acordo com Schvartsman.
"O contrato com a Fibria obviamente ajudou no volume de fibra curta... (isso) garante que a gente possa resistir a qualquer tipo de pressão de (clientes por) desconto", afirmou em teleconferência com analistas para comentar o resultado do quarto trimestre.
No mercado global, compradores chineses têm recentemente pressionado o setor por preços inferiores. Para a Fibria, o movimento tem ocorrido em meio ao uso de estoques dos chineses, e por isso não encontra sustentação no mercado, com a demanda se mantendo boa. Além disso, a maior oferta por conta da adição de capacidade de produção por fabricantes como a própria Klabin tem influenciado o movimento.
Na avaliação de Schvartsman, os preços já sofreram os ajustes necessários, uma vez que a Klabin já vendeu os volumes que entrariam no mercado em 2016. "Já pressionamos o mercado. Existem razões para acreditar que o preço tem tendência à estabilidade", afirmou.
VENDAS DE PAPÉIS
O diretor-geral da Klabin também disse nesta quinta-feira que as exportações da produtora de papéis, desconsiderando a nova fábrica de celulose, são sustentáveis e crescerão "de maneira importante" no primeiro trimestre na comparação anual.
"Vamos expandir de preferência em toda a América Latina, subsequentemente no mercado asiático, e não me refiro apenas à China", disse Schvartsman sobre as exportações de papel kraftliner, papelcartão e sacos industriais.
Com isso, a Klabin espera que seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) continue crescendo ao longo do ano todo, em especial no próximo trimestre.
O volume de vendas da companhia ao mercado externo no quarto trimestre cresceu 52 por cento em relação aos três últimos meses de 2014. A empresa aproveitou assim a alta do dólar, o que ajudou a compensar a fraqueza do mercado doméstico.
Schvartsman disse que as quedas de preço em dólar que aconteceram ou possam acontecer "têm sido mais do que compensados pela desvalorização do real". A companhia exporta a valores mais elevados do que vende no Brasil principalmente por conta do câmbio.
Diante dessa conjuntura e da fraqueza do mercado brasileiro, a participação do mercado interno caiu para 62 por cento do volume de vendas no quarto trimestre ante 72 por cento no último trimestre do ano anterior.
Questionado se vê um "fundo do poço" para a demanda doméstica, Schvartsman disse que a crise brasileira é profunda e "o buraco sempre parece mais embaixo", acrescentando que a empresa tem capacidade de exportar qualquer sobra que derive da redução do mercado interno.
"O mercado sabe que a Klabin não permitiria destruição de preços no mercado doméstico tendo a alternativa de exportar", afirmou.
(Por Priscila Jordão)