SÃO PAULO (Reuters) - A ação da Kroton Educacional (SA:KROT3) caía mais de 9% nesta quarta-feira, após a maior empresa de ensino do país divulgar resultados do segundo trimestre abaixo dos esperados pelo mercado, mas o presidente-executivo da empresa, Rodrigo Galindo, garantiu a analistas que a companhia vai cumprir suas metas para o ano, apesar dos cenários difíceis da economia e concorrencial.
A Kroton divulgou quedas no lucro líquido e na geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do trimestre, resultado parcialmente atribuído por executivos a efeitos não recorrentes.
"Vamos ter um segundo semestre forte e o 'guidance' do ano vai, sim, ser cumprido", afirmou Galindo em teleconferência. Ele se referiu às metas de 7,35 bilhões de reais em receita líquida, 3 bilhões em Ebitda e lucro ajustado de 1,35 bilhão.
A empresa terminou o primeiro semestre com números que mostraram o cumprimento entre 43% e 48% de cada meta. Às 13h56, as ações da Kroton lideravam as quedas do Ibovespa, com recuo de 9,3%, enquanto o índice mostrava baixa de 2,5%.
Galindo citou entre motivos para reafirmar várias vezes que as metas da empresa em 2019 uma expectativa de menores despesas com marketing com educação básica na segunda metade do ano, após a empresa decidir antecipar parte delas no primeiro semestre.
Além disso, ele afirmou que uma receita de 90 milhões de reais deixou de ser reconhecida, pois o governo deve quitar compromissos decorrentes do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) no terceiro trimestre. Galindo também citou "alavancas de eficiência" implementadas no primeiro semestre que devem começar a gerar efeitos positivos na segunda metade do ano.
"Estamos em um ano atípico....No segundo semestre vamos ter dois terços da geração de caixa necessária para fechar a meta do ano", afirmou o vice-presidente de finanças da Kroton, Jamil Marques, referindo-se aos recursos do PNLD e do programa federal de financiamento estudantil Fies.
O presidente da Kroton disse ainda que a empresa pode voltar a fazer aquisições em educação básica em 2020, após integrar a Somos neste ano, movimento que deve gerar captura de sinergias de 115 milhões de reais de um total previsto de 375 milhões.
"Não descartamos possibilidade de em meados de 2020 retomarmos o processo de consolidação de escolas de K12 (educação básica), mercado bastante fragmentado e de baixa eficiência, onde temos condição de gerar valor", disse Galindo. "É basicamente como o mercado de ensino superior de duas décadas atrás", acrescentou o executivo.
No ensino superior, a Kroton tem enfrentado crescente evasão de alunos, diante da baixa atividade econômica, forçando muitos estudantes a desistirem dos estudos. Executivos da empresa disseram que, apesar do cenário, o valor médio de mensalidades de novos alunos subia no segundo semestre ante a primeira metade do ano.
A expectativa é que os números de evasão no próximo trimestre no ensino presencial ainda mostrem a pressão do ambiente econômico, mas no ensino a distância os índices devem exibir estabilidade, disseram executivos.
Além disso, a empresa deve começar a colher benefícios de expansão acelerada de campi dos últimos anos a partir do segundo semestre de 2020, por conta da maturação das novas unidades.
(Por Alberto Alerigi Jr.)