BRASÍLIA (Reuters) - Após conversa telefônica nesta sexta-feira em que o presidente da Indonésia, Joko Widodo, negou pedido de clemência feito pela presidente Dilma Rousseff, o governo espera que um "milagre" possa evitar a execução de brasileiro preso no país por tráfico de drogas.
Dilma fez um apelo "pessoal" e "humanitário", na conversa por telefone com Widodo, em favor dos brasileiros Marco Archer Cardoso Moreira, cuja execução está prevista para o domingo, e Rodrigo Muxfeldt Gularte. A conversa ocorreu na manhã desta sexta-feira.
"O que se pode resumir é que não houve sensibilidade por parte do governo da Indonésia para o pedido de clemência do governo brasileiro", afirmou o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
"Vamos esperar que um milgare possa reverter essa situação", disse Garcia, ressaltando que o caso arrasta-se há dez anos.
Segundo o assessor, o governo brasileiro tomou uma série de medidas ao longo desse período. Foram enviadas cartas desde a época do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e durante o de Dilma à Indonésia pedindo a reversão da sentença.
Marco trabalhava como instrutor de voo livre e foi preso em agosto de 2003 após tentar entrar na Indonésia pelo aeroporto de Jacarta com 13,4 quilos de cocaína escondidos em uma asa delta desmontada.
A execução deve ocorrer à meia-noite de domingo, hora de Jacarta, que corresponderá às 15h no horário de Brasília.
De acordo com o assessor da Presidência, Dilma "lamentou profundamente" a posição do governo indonésio e alertou que a decisão cria "sem dúvida nenhuma uma sombra nas relações entre os dois países".
O Planalto afirmou, por meio de nota, que na conversa telefônica, Widodo reconheceu a preocupação de Dilma com os dois brasileiros, mas ressaltou que foram condenados segundo os trâmites jurídicos de seu país e que foi garantido o devido processo legal.
As autoridades indonésias planejam executar no domingo seis prisioneiros condenados por delitos relacionados com drogas, incluindo o brasileiro.
O presidente Widodo, que assumiu o cargo no final de outubro, sancionou as execuções no mês passado. Ele prometeu não ter nenhuma piedade para com infratores da legislação antidrogas, apesar dos apelos da União Europeia, do governo brasileiro e da Anistia Internacional.
Além do brasileiro, outros quatro estrangeiros da Nigéria, Malaui, Vietnã e Holanda também serão executados.
A Indonésia retomou as execuções em 2013 depois de um intervalo de cinco anos sem aplicá-la.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)