PARIS (Reuters) - Abandonar o euro para retornar ao franco prejudicaria o poder de compra da França e aumentaria os custos de empréstimos para o governo, disseram neste sábado o presidente francês François Hollande e o presidente do Banco Central do país, François Villeroy de Galhau.
Em um alerta velado contra os planos de saída do euro da líder da extrema direita Marine Le Pen, Villeroy disse que o euro trouxe baixos custos de empréstimos e proteção contra a inflação.
Villeroy não mencionou o nome de Le Pen.
Já Hollande fez críticas tácitas em Roma, onde marcou presença em evento de celebração do 60º aniversário do tratado de fundação da União Europeia.
"Alguns (candidatos) querem deixar a Europa. Deixe-os provar ao povo francês que seríamos melhores sozinhos!", disse Hollande a repórteres.
"Eles não podem provar isso porque ... um retorno a uma moeda nacional provocaria desvalorizações e uma perda de poder de compra. Fechar as fronteiras provocaria perdas de empregos", afirmou.
Em entrevista ao jornal Ouest France, Villeroy afirmou que a saída do euro implicaria uma desvalorização da moeda francesa em 20 por cento, sendo que o custo dos produtos importados aumentaria em igual proporção.
A participação na zona do euro permitiu que a França se beneficiasse com custos de empréstimos menores, levando a economias de 30 bilhões a 60 bilhões de euros por ano, disse Villeroy, acrescentando que abandonar a moeda significaria desistir destas economias.
Cerca de 72 por cento dos eleitores franceses se opõem ao retorno ao franco, mostrou uma pesquisa realizada pelo Ifop e publicada pelo Le Figaro.
Mas há uma diferença acentuada entre as pessoas que planejam votar em Le Pen no primeiro turno da eleição presidencial, em 23 de abril, e os outros. Cerca de 67 por cento dos eleitores de Le Pen apoiam o abandono do euro, mostrou a pesquisa.
Le Pen disse que buscaria renegociar a participação da França na União Europeia com o objetivo de retornar ao franco e reduzir o bloco a uma frouxa cooperativa entre nações. Ela colocaria o resultado das negociações em referendo.
As pesquisas de opinião preveem que ela se qualificará para o segundo turno, em 7 de maio, mas perderá para o centrista pró-UE Emmanuel Macron. Mas há muitos eleitores indecisos.
(Por Ingrid Melander)