Antonio Broto.
Pequim, 15 mar (EFE).- A Assembleia Nacional Popular (ANP), o Legislativo chinês, nomeou nesta sexta-feira formalmente como novo primeiro-ministro Li Keqiang, de 57 anos, que herda a missão de aprimorar a segunda maior economia do mundo.
Li, que desde 2008 era o vice-primeiro-ministro encarregado de assuntos financeiros, foi eleito pelos quase 3 mil delegados em uma votação cujo resultado já era conhecido meses antes - desde que passou a ser "número dois" do Partido Comunista em novembro - por 2.940 votos a favor, três contra e seis abstenções.
Após concluir o trâmite, em cerimônia realizada no Grande Palácio da cidade, Li, convocado a liderar o gabinete nacional durante 10 anos, cumprimentou os delegados com uma reverência, e entre aplausos apertou a mão do novo presidente da China, Xi Jinping.
Em seguida, cumprimentou efusivamente e foi parabenizado por seu antecessor, Wen Jiabao, que se aposentou após uma década em que o país passou do sexto para o segundo lugar no ranking de economias mundiais.
Li, um dos líderes comunistas surgidos da Liga de Juventudes Comunistas (os chamados "tuanpai"), assume a complicada responsabilidade de que sob seu comando a China suba o último degrau, chegando ao primeiro lugar econômico, algo que segundo alguns analistas poderia ocorrer antes do fim desta década.
Nascido na província oriental de Anhui, uma região majoritariamente agrícola, e formado na Universidade de Pequim, Li também precisará lidar com a sombra da popularidade de seu antecessor, quem na última década foi um dos líderes mais carismáticos entre a população.
O primeiro ato público de Li como chefe de governo será a entrevista coletiva que a cada ano este cargo oferece ao fim da sessão anual do Legislativo (nesta ocasião, no domingo 17), na qual se espera a presença de centenas de jornalistas chineses e estrangeiros.
A nomeação de hoje e a entrevista de ontem dão início oficial à que já está sendo chamada "Administração Xi-Li", na qual a quinta geração de líderes chineses abre uma nova época para o regime, após as lideradas por Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping, Jiang Zemin e Hu Jintao.
A cerimônia de votação de hoje, um formalismo semelhante ao que na quinta-feira coroou Xi Jinping como presidente, teve como lembrança o relativamente alto número de votos - para os padrões do regime - que negaram seu apoio a outro cargo nomeado hoje, o novo presidente do Tribunal Popular Supremo, Zhou Qiang (28 votos contra, 2.908 a favor, 23 abstenções).
Zhou é considerado um dos políticos de maior projeção na China, com uma sólida carreira tanto no âmbito administrativo como no direito.
Sua nomeação, segundo os analistas, parece responder ao interesse das autoridades do Partido Comunista por reforçar as instâncias judiciais, especialmente após a crise suscitada no ano passado pelo "caso Bo Xilai", o maior escândalo político da China em 20 anos, cujo julgamento, o primeiro grande desafio para Zhou, ainda espera data.
Além de Zhou, que, como Li Keqiang e Hu Jintao, construiu sua influência política como secretário-geral da Liga de Juventudes Comunistas, também foi eleito hoje Cao Jianming como procurador-geral do Estado, e os generais Fan Changlong e Xu Qiliang como vice-presidentes da Comissão Militar Central.
Amanhã, sexta-feira, as votações continuam, agora para escolher novos vice-primeiros-ministros, conselheiros de Estado e ministros do gabinete, além do governador do banco central, que segundo observadores pode ser o único cargo que não será substituído e continue nas de Zhou Xiaochuan. EFE
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