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Líbia realiza suas primeiras eleições após queda de Kadafi

Publicado 04.07.2012, 20:53
Atualizado 04.07.2012, 21:07

Essam Zuber.

Trípoli, 4 jul (EFE).- Em um clima de tensão, marcado pela incapacidade do governo de impor sua autoridade em várias regiões do país, a Líbia realizará, no próximo sábado, suas primeiras eleições legislativas desde a queda do regime de Muammar Kadafi.

Cerca de 2,8 milhões de líbios irão às urnas em um dia no qual 40 mil agentes trabalharão pela segurança. Além disso, será decretado estado de alerta para evitar incidentes.

Os confrontos tribais na região de Yebel Nafusa, ao sul da capital, e em Kufra, no extremo sudeste do país, assim como os recentes atentados contra missões diplomáticas estrangeiras e sedes do Conselho Supremo Eleitoral, em Benghazi, puseram em dúvida a idoneidade da data eleitoral, já adiada em uma ocasião.

A esta situação se somam os protestos em Benghazi, onde inúmeras vozes criticaram a divisão das 200 cadeiras da nova Assembleia Legislativa e pediram a criação de um Estado federal.

"O principal desafio da Líbia é garantir a segurança das regiões do deserto e das zonas fronteiriças com Tunísia, Argélia, Chade, Níger, Sudão e Egito", conhecidas por sua permeabilidade a todo tipo de tráfico ilegal, indicou à Agência Efe o ativista político líbio Abdallah al Zawi.

Segundo Zawi, é preciso um grande número de pessoas e esforços para restabelecer a normalidade em regiões como Yebel Nafusa e Kufra como medida prévia para impor a estabilidade e afastar os fantasmas de novos enfrentamentos.

Apesar desse clima de tensão, as autoridades e os responsáveis de segurança se mostram convencidos de sua capacidade de garantir uma eleição sem incidentes.

"Estamos preparados para proteger o processo democrático e garantir as eleições. O Ministério do Interior é capaz de fazer a segurança", disse à Agência Efe Ibrahim al Sharkasiya, um dos líderes da Comissão Suprema de Segurança dessa pasta.

Em várias ocasiões o porta-voz do governo, Nasser al Manaa, tentou minimizar o assunto ao assegurar que os recentes surtos de violência não fogem do previsto.

A proliferação de armas na Líbia desde o levante popular que começou em fevereiro de 2011 e que acabou com o regime de Kadafi favoreceu a multiplicação de distúrbios violentos.

Além disso, muitas das milícias criadas para fazer frente às forças do ex-ditador, deposto e assassinado no último dia 20 de outubro, continuam funcionando em maior ou menor coordenação com as autoridades centrais, que ainda não conseguiram absorver um grande número de milicianos.

Um responsável de segurança do Ministério do Interior, Ibrahim al Muhandis, contou à Efe que recentemente 120 milicianos tinham sido integrados nas forças de segurança para garantir a segurança das eleições em Trípoli.

As histórias de milicianos que abandonaram as armas são muitas, como a de Muhamad Fathi Abdel Kader, universitário que confessa que o grupo no qual combateu as forças kadafistas se dissolveu.

"Meus companheiros e eu deixamos as armas e voltamos à universidade. Outros recuperaram seus trabalhos anteriores", disse este estudante de engenharia que participou dos combates no sul do país.

Agora ele diz desejar que a Assembleia Nacional Geral seja escolhida nas primeiras eleições em mais de quatro décadas, para "passar da etapa revolucionária a um estado de Direito".

Outros, como Sami, um ex-miliciano do bairro de Suq al Yuma, em Trípoli, se dedicam a convencer outros rebeldes a deixarem as armas.

"Queremos que não haja armas pelas ruas e fazemos patrulhas para garantir a segurança e pedir a outros revolucionários que busquem uma saída política ou se integrem à polícia ou ao Exército", disse à Efe.

No entanto, ainda há muitos milicianos que, como os de Zintan, 160 quilômetros a sudeste de Trípoli, exigem passes especiais para entrar em suas cidades.

Apesar desses desencontros, Sharkasiya ressaltou que as milícias serão coordenadas plenamente durante as eleições com as forças de segurança estatais e ficarão nos cruzamentos das principais cidades "para enviar a mensagem de que ninguém pode rachar a unidade líbia". EFE

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