O fluxo de veículos na BR-163 no Pará foi liberado por volta das 12h30, mas os indígenas caiapós podem retomar o bloqueio ainda nesta sexta-feira, 21, conforme informações da Polícia Rodoviária Federal e do Instituto Kabu, ligado aos indígenas. O protesto ocorre no km 302 da BR-163, na altura de Novo Progresso (PA). Os caiapós vêm se manifestando na rodovia desde a manhã de segunda-feira (17). Segundo a PRF, o fluxo era lento, mas sem congestionamento na região.
Em nota, o instituto Kabu disse que a Vara Federal de Itaituba revogou os prazos para que as partes do processo de reintegração de posse da BR-163 se manifestassem e convocou uma audiência de conciliação virtual para a próxima segunda-feira (24), às 14 horas. Além de representação da União e lideranças Kayapó, a Justiça incluiu entre as partes intimadas a Funai e o Ministério Público Federal, segundo o comunicado. A reunião virtual de conciliação foi pedida pelo advogado do Instituto Kabu, Melillo Dinis.
Os caiapós divulgaram uma lista de reivindicações, dividida em quatro temas, com várias demandas em cada um. Entre elas, estão saúde indígena, incluindo reforma na Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai) local; BR-163, com renovação do Componente Indígena do Plano Básico Ambiental (PBA-CI) para a rodovia no Pará; Ferrogrão, com consulta aos indígenas sobre os impactos da ferrovia, e proteção territorial, com fechamento de garimpos no Rio Curuá e expulsão de garimpeiros de terras indígenas.
A BR-163 é uma das principais vias de escoamento de soja e milho do Centro-Oeste para os portos do Arco Norte. Em nota divulgada ontem, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) informou que a interrupção do tráfego na rodovia BR-163 desde o início desta semana já prejudica o setor de grãos. "Os estoques do complexo soja e de milho na região do Porto de Miritituba (PA) ainda garantem os volumes de exportações previstos para os próximos dias, mas a interrupção do tráfego na rodovia está inviabilizando o transporte da produção, já que os transportadores estão se recusando a fazer o serviço em função da ausência de previsão sobre o fim da paralisação", informou.