Por Gabriel Ponte e Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil abriu 644.079 vagas formais de trabalho em 2019, no melhor resultado em seis anos, segundo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Economia.
Em 2018, o país havia aberto 529.554 postos de trabalho, na série com ajustes declarados até dezembro daquele ano. Considerando também os ajustes realizados até dezembro de 2019, o total de 2018 passa a 546.445 vagas.
O resultado do ano passado representa a maior abertura de vagas desde 2013, quando 1.117.171 delas foram abertas, na série com ajustes.
O resultado de dezembro, tradicionalmente negativo, foi de fechamento de 307.311 vagas, contra projeção em pesquisa da Reuters de encerramento de 320 mil postos.
No ano, o desempenho positivo foi puxado pela criação de vagas no setor de Serviços, com abertura de 382.525 postos. Aparecem em seguida Comércio (+145.475), Construção Civil (+71.115) e Indústria de Transformação (+18.341).
Em comparação com 2018, houve forte melhoria na abertura de postos na construção civil, com aumento de 53.158 vagas em 2019. Com isso, o saldo positivo do setor ficou quase quatro vezes superior ao observado um ano antes.
"A retomada da construção civil é um sintoma sempre muito crítico, muito importante, da retomada do crescimento da economia como um todo, nós vemos com muitos bons olhos", avaliou o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo.
Dentre as demais categorias de destaque, houve um salto na abertura de postos no comércio, de 42,6% em 2019, ao passo que, no setor de serviços, houve uma diminuição de 4% sobre 2018.
Nos 12 meses do ano, houve fechamento líquido de postos apenas em março (-38.612) e em dezembro.
Ainda segundo dados do Caged, o saldo do trabalho intermitente em 2019 foi positivo em 85.716 empregos, enquanto na modalidade de trabalho em regime parcial houve abertura de 20.360 novas vagas. Ambas as possibilidades foram abertas pela reforma trabalhista implementada no governo do ex-presidente Michel Temer.
Pelo Twitter, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, comemorou o resultado alcançado no ano.
"O número supera nossa expectativa e as projeções do mercado financeiro, o que demonstra a confiança do setor produtivo na agenda econômica", disse.
Ele também destacou que o governo seguirá trabalhando para "melhorar as condições de empregabilidade", mencionando a Medida Provisória do programa Verde Amarelo, voltada para redução de encargos trabalhistas para contratação de jovens em seu primeiro emprego.
Apesar da melhoria na criação de postos registrada em 2019 sobre 2018, a situação do mercado de trabalho segue difícil no país.
A taxa de desemprego no Brasil caiu a 11,2% no trimestre encerrado em novembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dando sequência a uma trajetória de queda, mas ainda num patamar elevado.
Ao mesmo tempo, a população ocupada informal atingiu 38,8 milhões de pessoas, recorde da série histórica, num sinal dos desafios para o mercado de trabalho em 2020.
2020
Para 2020, Dalcomo estimou que a abertura de empregos no Brasil pode chegar a 1 milhão de postos caso a economia avance por volta de 3%.
Oficialmente, a expectativa do governo é de alta de 2,4% para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
"Se nós estamos falando de 644.079 novos empregos gerados em 2019, é bem provável que encoste em 1 milhão de novos empregos gerados nesse ano, caso a economia cresça em torno de 3%", afirmou ele, em coletiva de imprensa.