Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Os resultados do 1T de Cogna foram fracos, e sua previsão para curto prazo permanece sob pressão. Apesar desse cenário desafiador, o BTG Pactual (SA:BPAC11), em relatório distribuído na segunda-feira (22), mantém o preço-alvo em torno de R$ 8 e recomenda compra, argumentando que a ação está subavaliada.
Para justificar a tese, Samuel Alves e Ian Cesquim, responsáveis pelo relatório, empregam uma análise de soma das partes: assumindo múltiplos de 23,5x EV/Ebitda em 2021 para o negócio B2B para ensino básico (Vasta), 15x para a gestão de escolas (Saber), 10x para o negócio de publicação pública e 11x para o negócio de ensino superior (Kroton), chega-se a um valor de cerca de R$ 9, ou cerca de 40% de potencial positivo em relação aos níveis atuais.
Às 12h28, os papéis da Cogna (SA:COGN3) eram negociados a R$ 6,79, alta de 7,6%.
Um dos principais destaques negativos nos resultados da Cogna no 1T foi a queda abrupta na performance do Ebitda de ensino superior. Para o BTG, a tendência deve continuar, por causa da redução do Fies e da alavancagem operacional negativa (número decrescente de estudantes por campus), além dos efeitos colaterais negativos da Covid-19 (números de ingresso, evasão e inadimplência).
Assim, a previsão do banco é que o Ebitda do setor de educação superior (58% do Ebitda total de COGN) caia 48% em 2020, assumindo uma contração de 25% na base de estudantes presenciais e uma queda de R$ 700 milhões nas receitas do Fies. A previsão para o ano que vem é de uma deterioração adicional de 5%.
Há, porém, certas perspectivas positivas. O segmento de EAD, que corresponde a cerca de 15% das vendas totais de COGN esperadas para 2020 e 30% do setor de pós-graduação, deve ser um porto-seguro. Além disso, a expectativa é de crescimento de 10% no ano que vem e alcance de 78% do total dos estudantes da Cogna em 2023 (vs. 59% em 2019).
Diferentemente do segmento de ensino superior, o segmento de ensino fundamental e médio deve sofrer impacto muito menor das medidas de quarentena. O BTG espera crescimento de 13% da Saber, rede de escolas da Cogna, em 2020, refletindo uma base de estudantes praticamente estável, um ticket médio melhor e ganhos em eficiência.
Para o Vasta, (segmento B2B para educação básica) a previsão é de lucro de R$ 1 bilhão em 2020 (17% das vendas totais) e Ebitda de cerca de R$ 340 milhões.