Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria do Brasil mostrou enfraquecimento e se aproximou da estagnação em maio, em meio às incertezas econômicas e políticas e com menor otimismo em relação às perspectivas futuras, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira.
O IHS Markit informou que o PMI da indústria do Brasil caiu a 50,2, de 51,5 em abril, muito perto da marca de 50,0, que indica estagnação. O nível é o mais baixo do atual período de 11 meses de crescimento.
De acordo com a pesquisa, o crescimento do subsetor de bens de capital mostrou enfraquecimento, enquanto a categoria de bens intermediários registrou contração pela primeira vez em quase dois anos.
O subsetor de bens de consumo foi o único a apresentar melhora mais forte nas condições operacionais em comparação com abril.
"O setor industrial do Brasil caminhou para estagnação na metade do segundo trimestre, com declarações dos participantes da pesquisa destacando um cenário político preocupante, desemprego alto, confiança morna e desempenho econômico fraco em destinos importantes da exportação", afirmou a economista do IHS Markit, Pollyanna De Lima.
A produção da indústria, embora tenha crescido pelo 11º mês seguido em maio, teve o ritmo mais fraco desde outubro, com os produtores citando incerteza do mercado, alta taxa de desemprego, problemas políticos e demanda baixa.
Isso em um cenário em que as novas encomendas interromperam 10 meses de aumento e registraram contração, devido tanto ao mercado doméstico quanto ao internacional. Os pedidos para exportação recuaram pelo sexto mês seguido.
O resultado foram mais cortes de vagas de trabalho, com o nível de empregos diminuindo pela primeira vez em 2019, uma vez que as empresas mostraram preocupação com custos, incerteza econômica e demanda fraca.
O enfraquecimento do real continuou a resultar em cargas de custos mais elevadas, e a inflação dos preços de insumos atingiu em maio um recorde de sete meses. Como resultado, os preços cobrados subiram com a maior força desde outubro de 2018, já que as empresas procuraram proteger as margens de lucros.
A visão otimista das indústrias em relação às perspectivas de crescimento se enfraqueceu no mês, atingindo o ponto mais baixo em mais de um ano e meio. Preocupações com os negócios e com a incerteza econômica estiveram entre os fatores que pressionaram o sentimento.