Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas no final de outubro prejudicaram o trabalho de colheita de cana das usinas do centro-sul do Brasil, que deram continuidade à alocação de maior parcela de matéria-prima para a fabricação de etanol na segunda quinzena do mês passado.
O processamento de cana nos últimos 15 dias de outubro recuou 5,62 por cento na comparação anual, para 30,02 milhões de toneladas. Na primeira quinzena do mês, a moagem havia somado 32,39 milhões de toneladas.
"Essa retração se deve às chuvas intensas que ocorreram nas áreas canavieiras do Estado de São Paulo, no noroeste do Paraná, Triângulo Mineiro e sul goiano", acrescentou a Unica.
No acumulado da safra 2017/18, iniciada em abril, a moagem registra queda de 2 por cento, para 529,60 milhões de toneladas.
Em relação à produtividade agrícola, no acumulado de abril a outubro a retração no rendimento do canavial na região centro-sul foi de 1,58 por cento, segundo pesquisa do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).
Nesse período, a produtividade agrícola na região totalizou 77,53 toneladas por hectare, contra 78,77 toneladas por hectare no ciclo anterior.
Já o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) na segunda metade de outubro foi de 153,64 kg por tonelada de cana processada, quase 5 por cento maior na comparação com a quinzena anterior e expressivos 11,30 por cento superiores ante igual período do ano passado.
MIX ALCOOLEIRO
As usinas do centro-sul do Brasil deram continuidade na segunda quinzena de outubro à maior destinação de cana para a fabricação de etanol.
Esse movimento é observado desde agosto, quando o álcool passou a se mostrar mais competitivo que a gasolina, na esteira mudanças tributárias envolvendo os dois combustíveis.
Conforme a Unica, o mix ficou em 57,15 por cento da oferta de matéria-prima para etanol e 42,85 por cento para açúcar. Há um ano, esses percentuais eram de 50,71 e 49,29 por cento, respectivamente.
Com isso, foram produzidas 1,88 milhão de toneladas de açúcar (queda de 8,68 por cento na comparação anual) e 1,57 bilhão de litros de etanol (alta de 19,60 por cento), dos quais 649 milhões de litros de anidro (+3,62 por cento) e 921 milhões de litros de hidratado (+34,19 por cento).
A produção de etanol está alta seguindo forte demanda interna.
As vendas de etanol pelas usinas e destilarias do centro-sul do Brasil alcançaram 2,46 bilhões de litros em outubro, alta de 15,21 por cento na comparação com igual mês do ano passado, sendo o maior volume mensal da atual safra 2017/18, informou Unica.
Ainda segundo a Unica, até 31 de outubro, 43 unidades produtoras haviam encerrado a safra 2017/18. Até essa mesma data de 2016, eram 67 unidades com operação finalizada.