Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A transmissora ISA Cteep reportou nesta quinta-feira um lucro líquido de 386,7 milhões de reais entre julho e setembro, cifra 105,7% maior que a registrada em igual período do ano anterior, começando a registrar uma recomposição de receitas de indenizações que haviam sido postergadas, disseram à Reuters executivos da companhia.
Ao mesmo tempo, a empresa avançou com projetos em construção e iniciou estudos para os próximos leilões de transmissão de energia.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) subiu 31,5% terceiro trimestre deste ano, para 743,3 milhões de reais.
Os resultados regulatórios da transmissora, que são base para distribuição de dividendos, refletiram principalmente a atualização da receita dos contratos de transmissão pelo IPCA do período (11,89%) e a recomposição parcial da chamada "RBSE", indenização paga a um grupo de transmissoras.
Esses fatores, somados à entrada em operação de novos empreendimentos no período, levaram a uma alta de 21,2% da receita líquida da ISA Cteep no terceiro trimestre.
Já em base IFRS, o lucro da transmissora registrou queda de 34%, a 476,9 milhões de reais, mais uma vez afetado pela reprogramação da remuneração do componente financeiro da RBSE. A medida, deliberada no ano passado pela agência reguladora Aneel, vem afetando negativamente os resultados IFRS da transmissora, mas agora começa a ser revertida.
"O efeito (de recomposição) ainda é um pouco tímido... Cem milhões de reais entram neste ano, mas a partir de julho de 2023, aí teremos uma retomada mais expressiva, com o econômico da RBSE chegando a 1,1 bilhão de reais", explicou a diretora financeira da empresa, Carisa Portela.
NOVOS PROJETOS E LEILÕES
Entre julho e setembro, a ISA Cteep energizou dois projetos de transmissão de energia, Biguaçu (SC) e Paraguaçu (BA/MG), e está avançando com a construção de mais cinco empreendimentos, disse o diretor-presidente, Rui Chammas.
Em relação a novas oportunidades, ele afirmou que a empresa já está estudando os lotes contemplados nos próximos leilões de transmissão, com interesse especial em um projeto conectando Brasil e Argentina do certame de dezembro.
"A gente acredita muito nessas linhas de interconexão internacional, acreditamos que a troca de energia entre países pode ser uma das soluções para garantir que a intermitência das fontes renováveis seja contemplada por geração que venha de outras regiões", disse Chammas.
Ele lembrou que a controladora da companhia, a colombiana ISA, já tem projetos desse tipo em carteira, interligando Colômbia e Venezuela.
Chammas disse ainda que a ISA Cteep está liderando um trabalho junto às transmissoras de energia com o objetivo de mapear a capacidade do mercado de absorver o elevado volume de projetos de transmissão que o governo pretende leiloar entre 2023 e 2024.
Esses empreendimentos, com o objetivo de reforçar o escoamento da energia renovável gerada no Nordeste para os centros de carga do Sudeste e Sul, somariam mais de 50 bilhões de reais em investimentos.
A ideia desse trabalho junto ao mercado, disse Chammas, é identificar eventuais gargalos que surgiriam se todos esses projetos iniciassem construção ao mesmo tempo, envolvendo desde a cadeia de fornecimento de equipamentos até licenciamento ambiental e recursos para financiamento das obras.
"Estamos imaginando esse trabalho pronto para o final do ano, temos uma consultoria que está fazendo esse trabalho... Acho que isso vai trazer luz a essa preocpacao que o Ministério tem manifestado, de qual é a real capacidade de execução dos projetos", disse o presidente da ISA Cteep.