Por Clement Uwiringiyimana
KIGALI (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira que reconhece o papel de seu país no genocídio de Ruanda e que torce por um perdão, tentando reatar as relações depois de anos de acusações ruandenses de cumplicidade francesa nas atrocidades de 1994.
"Somente aqueles que passaram por aquela noite talvez possam perdoar, e ao fazê-lo dar o presente do perdão", disse Macron no memorial do genocídio de Gisozi, onde mais de 250 mil vítimas estão enterradas. Fileiras de crânios jazem em uma tumba comunitária, e os nomes das vítimas estão inscritos em uma parede negra.
"Humilde e respeitosamente, coloco-me ao seu lado hoje, venho reconhecer a dimensão de nossas responsabilidades", disse ele, tendo como pano de fundo as bandeiras francesa e ruandense.
A visita acontece na esteira da divulgação, em março, de um relatório de uma comissão de inquérito francesa que disse que uma atitude colonial cegou as autoridades francesas à época. O relatório culpou a França por não prever o massacre e disse que o governo tem uma responsabilidade "grave e imensa".
O presidente de Ruanda, Paul Kagame, elogiou o relatório "notável, independente" e disse que ele abriu a porta para a normalização das relações. Ele também acolheu o discurso de Macron, dizendo mais tarde em uma coletiva de imprensa conjunta que "suas palavras foram mais poderosas do que um pedido de desculpas".
As ruas de Kigali estavam silenciosas nesta quinta-feira, sem as faixas e bandeiras vistas normalmente em uma visita de alto nível. As restrições da Covid-19 a aglomerações continuam em vigor, mas vários ruandenses disseram acolher o discurso de Macron.
(Por Clement Uwiringiyimana, em Kigali, e Richard Lough, em Paris)