SÃO PAULO (Reuters) - A agência de avaliação de risco Moody's disse nesta quarta-feira que, se a greve dos caminhoneiros não for encerrada nos próximos dias, a dificuldade no transporte pode criar um "estresse de crédito severo" para todos os setores corporativos do Brasil.
Mas mesmo que as estradas brasileiras sejam liberadas totalmente nos próximos dias, os resultados das empresas no trimestre devem ser impactados pelo movimento grevista, que compromete a circulação nas estradas brasileiras desde o início da semana passada.
"Uma normalização das condições de transporte nos próximos dias não representaria problemas de crédito significativos para as métricas de crédito das empresas classificadas, embora isso provavelmente enfraqueça os resultados financeiros trimestrais", disse a Moody's em relatório. "Mas uma greve prolongada criaria estresse de crédito severo em todos os setores corporativos no Brasil."
A greve dos caminhoneiros pela redução do preço do diesel, que entrou nesta quarta-feira em seu décimo dia, começou a dar sinais de desmobilização na terça-feira, com a melhora na entrega de combustíveis em vários Estados, embora problemas de abastecimento ainda persistem em cidades como São Paulo.
As empresas dos setores de proteína animal, distribuição de combustíveis, automotivo e aéreo são os mais expostos a problemas mesmo se a greve tiver curta duração, disse a Moody's, enquanto o risco para as siderúrgicas, produtoras de papel e celulose, varejo, mineração e petroquímicas é médio.
Entre os produtores de proteína animal, a Moody's salientou que as maiores perdas deverão atingir os produtores de carne de frango e suínos BRF (SA:BRFS3) e Seara, subsidiária da JBS (SA:JBSS3), por causa de seus negócios integrados.
O impacto da greve nas siderúrgicas depende de sua localização e seu acesso aos estoques de matérias-primas, mas todas estão expostos às restrições de enviar sua produção para os mercados finais, disse a agência.
"Mesmo para a mineradora Vale (SA:VALE3)
(Por Raquel Stenzel)