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Marfrig vê cenário ainda desafiador, reitera compromisso de reduzir alavancagem em 2018

Publicado 28.03.2018, 13:20
© Reuters. Funcionário trabalha em abatedouro do Grupo Marfrig em Promissão, São Paulo
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A Marfrig (SA:MRFG3) Global Foods vê um cenário ainda desafiador para o setor de proteína animal em 2018, mas reiterou meta de reduzir alavancagem durante o ano, destacando que a venda de uma participação na unidade Keystone é considerada essencial para atingir tal resultado, afirmaram executivos da companhia nesta quarta-feira.

"Para 2018, temos a visão novamente de ano desafiador mas com grandes oportunidades", disse o presidente do conselho de administração da Marfrig, Marcos Molina, destacando "compromisso inegociável" de atingir um endividamento medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda de 2,5 vezes no fim do ano.

Em teleconferência com analistas sobre o resultado do último trimestre de 2017, o presidente-executivo da empresa, Martín Secco, destacou que a competição no mercado brasileiro está sofrendo de alguns fatores não previstos, especialmente em algumas proteínas concorrentes da carne vermelha.

"Nós estamos vendo ofertas de outras proteínas muito baratas que acontecem porque estão ocorrendo eventos que não são típicos", disse o executivo.

Ele não deu detalhes sobre os eventos que mencionou, mas a segunda fase da operação Carne Fraca teve como alvo a BRF (SA:BRFS3), maior exportadora de frango do mundo, com o Ministério da Agricultura, na sequência, suspendendo temporariamente a exportação de produtos de aves da companhia do Brasil para a União Europeia.

Secco disse que a Marfrig vai apostar em posicionamento de marca e exportações para lidar com essa maior oferta interna de outras proteínas de menor valor que a carne vermelha.

O mercado externo também é um dos elementos para perspectiva positiva para as margens da companhia em 2018, apesar de uma esperada contração desse indicador no primeiro trimestre ante os últimos quatro meses de 2017, seguindo tendência de mercado.

Secco citou expectativa de crescimento da economia global, que deve ser acompanhada por novas demandas, bem como a previsão de abertura de novos mercados, como o Japão, para a carne do Uruguai, e os Estados Unidos, para a carne brasileira.

Isso vai "contribuir na dinâmica global dos nossos negócios...com esse cenário as margens devem se manter nos patamares saudáveis de 8 a 10 por cento", disse o presidente-executivo da companhia, referindo-se à margem Ebitda.

Em 2017, a empresa teve margem Ebitda ajustado de 9,2 por cento. Apenas no quarto trimestre, a margem Ebitda ajustado foi de 9,3 por cento.

KEYSTONE

A empresa segue com os planos de venda de participação da unidade de negócios Keystone, que fornece alimentos à base de proteína animal para redes de restaurante do mundo, concentrando suas operações nos Estados Unidos e na Ásia.

"A venda da participação na Keystone é parte fundamental de nosso plano de desalavancagem...esse compromisso (de reduzir endividamento) é inegociável", disse Secco. "Estamos todos focados nisso."

A relação entre dívida líquida e o Ebitda ajustado das operações continuadas no quarto trimestre anualizado, que a companhia vê como medida que melhor reflete o nível de endividamento atual da empresa, estava em 3,94 vezes.

A alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado dos últimos 12 meses das operações continuadas ficou em 4,55 vezes.

O vice-presidente financeiro, Eduardo Miron, disse que a companhia também está atenta a oportunidades de mercado que ajudem no crescimento e na redução da alavancagem.

Às 12:35, as ações da empresa subiam 2,5 por cento, a 5,77 reais, na bolsa brasileira, enquanto o Ibovespa cedia 0,9 por cento. Na véspera, antes do balanço, os papéis caíram 4,6 por cento.

A Marfrig reportou na noite de terça-feira prejuízo líquido de 7,5 milhões de reais no quarto trimestre. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 493 milhões de reais, alta anual de 24 por cento.

Em nota a clientes sobre o balanço, a equipe do BTG Pactual (SA:BPAC11) afirmou que neste momento segue preocupada com a alavancagem da empresa que aposta no IPO (oferta inicial de ações) da Keystone como um passo muito importante para a companhia reduzir o endividamento.

© Reuters. Funcionário trabalha em abatedouro do Grupo Marfrig em Promissão, São Paulo

A companhia também trabalha com perspectiva de resultado positivo para o fluxo de caixa livre em 2018, após uma queima de caixa de 1,6 bilhão em 2017, considerando efeito extraordinário e operações descontinuadas.

O vice-presidente financeiro atrelou tal reversão a fatores como venda de fatia da Keystone, o prognóstico de estabilidade no capital de giro e retomada dos investimentos para níveis históricos, na faixa de 500 milhões de reais, entre outros fatores.

No ano passado, o investimento da Marfrig totalizou 824 milhões de reais, reflexo dos investimentos realizados pela divisão Beef na reabertura de fábricas e pela continuidade dos investimentos estratégicos na Keystone.

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