Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O lucro da CCR (SA:CCRO3) deu um salto no quarto trimestre, uma que vez que a empresa de concessões de infraestrutura se beneficiou da melhora do tráfego nas estradas que administra e teve menores custos com serviço da dívida.
A companhia anunciou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de 329,1 milhões de reais no período, alta de 94,2 por cento ante mesmo período de 2016. No critério mesma base, que exclui novos negócios, o salto foi ainda maior: 163 por cento, para 425 milhões de reais.
"Estamos fechando um ano com resultado que reflete a recuperação não só no setor rodoviário, mas mobilidade urbana e setor aeroportuário", disse a coordenadora de relações com investidores da CCR, Flávia Godoy.
"Investimos bastante no passado com um cenário bastante adverso de economia em crise e taxa de juros em alta, daqui para frente o cenário é muito mais positivo, com curva de investimento menor, geração de caixa maior, além da redução da taxa de juros", acrescentou Godoy, ressaltando que a CCR deve colocar em operação até março o projeto do metrô de Salvador.
O tráfego consolidado das concessionárias rodoviárias que a CCR administra subiu 4,4 por cento no quarto trimestre sobre um ano antes, o que ajudou a ampliar a receita líquida do período em 19,5 por cento, a 2 bilhões de reais.
O resultado operacional da companhia medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) somou 1,24 bilhão de reais, aumento de 25,5 por cento sobre um ano antes. O Ebitda ajustado mesma base teve alta anual de 17,9 por cento. Em ambos os casos, a margem Ebitda subiu 2,9 pontos percentuais, a 61,3 por cento.
No fim de 2017, a CCR tinha uma dívida líquida de 11,8 bilhões de reais, o que equivalia a uma relação endividamento sobre Ebitda de 2,3 vezes, queda de 0,2 ponto percentual sobre o ano anterior.
A coordenadora de relações com investidores da CCR comentou que a companhia mantém proposta de investimento ao governo federal para prorrogação da concessão da rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro e vence em 2021.
"O governo anunciou em 2017 que gostaria de relicitar esse projeto, mas seguimos interessados no aditivo (de prorrogação). Em não conseguindo o aditivo, a companhia está bastante preparada para participar de uma relicitação", afirmou Godoy, comentando que proposta de investimento da companhia para conseguir uma prorrogação da concessão varia de 2,5 bilhões e 3,5 bilhões de reais.
A executiva também comentou que a CCR segue interessada em novos ativos de infraestrutura no Estado de São Paulo, como as linhas 8, 9 e 15 do metrô e rodovias e estradas federais.
Consórcio liderado pela CCR venceu no mês passado o leilão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do metrô de São Paulo, pagando 553,9 milhões de reais, um ágio de 185 por cento em relação ao valor mínimo de outorga.
"As perspectivas de crescimento estão bastante favoráveis para a companhia", disse Godoy, acrescentando que a CCR também mantém foco sobre projetos no Chile, Argentina, Colômbia e Peru, além de vislumbrar oportunidades com aquisições de ativos no mercado secundário.