Money Times - O mercado financeiro começa, aos poucos, definir o seu candidato preferido. Mais do que isso, os investidores estão assumindo que Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas e apoiado pelo economista Paulo Guedes, é a escolha com maiores chances para vencer em outubro. A reação desta triste quinta-feira (6), em que o deputado federal sofreu um grave atentado, deixa isso mais claro.
Um dos principais problemas para a sua candidatura, o alto nível de rejeição (que subiu de 37% em agosto para 44% esta semana), pode ser revertido após a comoção nacional em torno do ocorrido. “A facada muda o jogo da comunicação, dificultando o ataque ao candidato – consequentemente, reduz as chances de que sua rejeição continue a crescer, até se transformar em voto estratégico em outro candidato”, opina Vitor Oliveira, Cientista Político e diretor da Pulso Público.
Em um relatório enviado ontem, o BTG Pactual atribuía à campanha negativa contra ele nas últimas semanas ao crescimento da rejeição. “Um alto índice de rejeição reduz bastante as chances de vitória do candidato em um eventual segundo turno”, explica Iana Ferrão, que assina a análise. Foi com isso em mente que o mercado correu às compras logo nos minutos seguintes ao ataque em Juiz de Fora (MG).
Isso poderá mudar totalmente a tendência do eleitor do segundo turno, onde Bolsonaro já tinha vaga cativa, analisa Ivan Sant’anna, autor das newsletters de investimentos Warm Up Inversa e Os Mercadores da Noite. “A facada que perfurou o deputado atingiu em cheio outros quatro candidatos: Fernando Haddad, do PT, Geraldo Alckmin (que conduzia sua campanha com ataques a Bolsonaro), Ciro Gomes e Marina Silva, ou seja, os potenciais adversários do capitão no 2º turno”, diz.
Bolsonaro tem ainda um outro ponto a seu favor. No questionário espontâneo, quando o entrevistado não recebe uma lista, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) cresceu de 15% a 17%, enquanto Lula (PT) despencou de 28% para 22%. “Em 80% dos casos, as intenções de voto em pesquisa espontânea sobem ao longo da reta final da eleição”, ressalta o Itaú BBA em um relatório.
Reação
A cotação do dólar fechou a semana em baixa de 0,95%, cotada a R$ 4,1042 para venda. Apesar da queda nos últimos dois dias, o dólar acumulou uma alta de 0,78% na semana. Na semana passada, a moeda apresentou uma disparada, e chegou ao patamar de R$ 4,15. O Ibovespa encerrou em alta de 1,76%, com 76.416 pontos. “É explícita a reação positiva do mercado, com devolução de prêmio generalizada mesmo na véspera do feriado da Independência do Brasil”, avaliou em relatório a corretora H.Commcor.
O Ibovespa, que já subia antes do fato, engatou uma alta maior. “A reação no mercado foi de aceleração dos ganhos que já eram observados com ativos locais, com uma leitura inicial de que o atentado contra Bolsonaro levaria a potencial enfraquecimento de partidos de esquerda, à exemplo do PT, assim como potencial fortalecimento de candidatos de centro-direita/direita, incluindo Bolsonaro”, avalia a equipe da corretora H.Commcor.
Em um relatório publicado no mês passado, a consultoria do economista Nouriel Roubini já avaliava que a dificuldade enfrentada pelo candidato Geraldo Alckmin (PSDB), até então visto como o preferido do mercado, para subir nas pesquisas, poderia fazer com que os investidores passassem a apoiar o Bolsonaro.
O economista sênior para América Latina Pedro Tuesta, que assina a análise, afirma que Alckmin tem uma montanha para escalar a poucas semanas antes das eleições. “Os mercados devem se preparar para ter uma série de notícias negativas e podemos ver uma mudança para apoiar Jair Bolsonaro, apesar das muitas dúvidas sobre seus pontos de vista de direita”, conclui Tuesta.
Por Money Times