SÃO PAULO (Reuters) - O ritmo de expansão do mercado brasileiro de meios eletrônicos de pagamentos pode ser afetado nos próximos anos se houver a retorno da cobrança de um tributo sobre transações financeiras nos moldes da CPMF, disse nesta quarta-feira o presidente da entidade que representa o setor, Abecs.
"Pode atrapalhar", disse Pedro Coutinho a jornalistas ao ser perguntado sobre os possíveis efeitos da adoção do tributo sobre o mercado de cartões.
O comentário surge no momento em que membros do governo do presidente Jair Bolsonaro, como o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, têm defendido a adoção de um tributo sobre transações, como parte da proposta de reforma tributária.
No entanto, Coutinho disse que a eventual introdução do tributo não terá impacto suficiente para reverter o processo estrutural de substituição de cheque e dinheiro por cartões de débito e de crédito no pagamento de compras.
"Não acho que as pessoas vão voltar a encher o bolso de dinheiro (para fazer compras)", disse Coutinho.
A Abecs divulgou nesta manhã que o volume de compras pagas com cartões no Brasil somou 850 bilhões de reais no primeiro semestre, um aumento de 18% ante mesma etapa de 2018. No segundo trimestre, o crescimento ano a ano foi de 19%, no maior ritmo de expansão em sete anos.
Com isso, a participação dos cartões no pagamento do consumo privado no país chegou a 45%. A expectativa atual da entidade é de que esse percentual chegue a 60% até 2022.
(Por Aluísio Alves)