Por Jorge Otaola e Walter Bianchi
BUENOS AIRES (Reuters) - Os mercados financeiros da Argentina retomarão suas atividades nesta terça-feira após a vitória presidencial de Javier Milei e o feriado nacional da véspera, com os investidores preparados para uma firme recuperação dos ativos domésticos em linha com a os ganhos vistos na segunda-feira no exterior.
A alta sólida esperada para as ações e os títulos devido às expectativas animadoras geradas por um novo governo ultraliberal deve ser contrabalançada por uma queda no peso devido à dolarização proposta na campanha pelo economista que venceu as eleições do último domingo.
As ações das empresas argentinas listadas nos Estados Unidos subiram até 40% na segunda-feira lideradas pela empresa petrolífera YPF, e a dívida soberana se recuperou com o otimismo em relação ao novo presidente da terceira maior economia da América Latina, que sofre com uma inflação de três dígitos, uma recessão iminente e o aumento da pobreza.
"A agenda de Milei cria ilusão, há uma visão positiva, embora haja problemas muito difíceis de resolver", disse o analista Marcelo Elizondo. "Os mercados externos endossam o fato de que houve a derrota de uma força (política) que levou ao caos econômico", acrescentou, referindo-se ao peronismo que impulsionou o candidato Sergio Massa.
Analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) previram um ajuste de pelo menos 80% na taxa de câmbio oficial da Argentina em dezembro, após o resultado presidencial nas urnas.
O banco acrescentou que o país provavelmente negociará um novo programa de empréstimo com o Fundo Monetário Internacional "com relativa rapidez" para evitar atrasos com o FMI, com quem tem um programa de empréstimo de 44 bilhões de dólares.
O peso oficial fechou a sexta-feira em 354 por dólar e o peso paralelo "blue" foi negociado a 950 na quinta-feira, o último dia de negócios genuínos nesse mercado influente quando se trata de tomar decisões financeiras. A diferença subiu para 168,4%.
"O presidente eleito terá de dissipar as várias fontes de incerteza que afetam os argentinos. Ele terá de vestir o uniforme de um líder desde o momento zero", disse Pablo Besmedrisnik, diretor e economista da Invenómica.
(Reportagem adicional de Hernán Nessi)