Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da Duratex (SA:DTEX3) operam com importante valorização nesta tarde de quinta-feira na B3, desempenho superior ao do Ibovespa hoje. A alta ocorre mesmo depois de reportar prejuízo líquido de R$ 23,6 milhões, no segundo trimestre, sendo que um ano antes teve lucro líquido de 69,4 milhões.
Assim, por volta das 16h27, os ativos somavam 1,51% a R$ 15,51. O Ibovespa recuava 0,58% a 104.998 pontos.
A companhia registrou EBITDA ajustado recorrente de R$ 119,0 milhões, 44,2% menor do que o observado no mesmo período do ano anterior. Entretanto o volume de vendas representou 85% do que foi observado no mesmo período em 2019.
Devido a pandemia, a companhia teve que paralisar ou reduzir a velocidade das operações em parte dos ativos fabris, levando a uma perda na escala de produção e, consequentemente, menor diluição de custos fixos. No segundo trimestre de 2020, a Duratex apresentou lucro líquido negativo, ainda que a receita líquida de R$ 1.046,4 milhões seja apenas 8,6% menor do que o observado no mesmo período do ano passado.
Visão dos analistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) destaca que não é uma história barata baseada em múltiplos de curto prazo, mas o potencial de ROE de longo prazo se baseia materialmente e equipe acredita que esse é um aspecto crítico do caso de investimento.
Para os analistas, a Duratex é uma empresa em constante transformação, liderada por uma equipe de gestão com uma agenda voltada para o retorno. As ações subiram nos últimos dois meses (apesar da pressão sobre os ganhos) e agora estão precificando - em uma história de crescimento relevante para os ganhos futuros. No entanto, continuam a ver uma melhora nos níveis atuais, reiterando a classificação de Compra.
Balanço
"No mês de abril, suspendemos temporariamente as atividades nas unidades da Divisão Madeira, da unidade de chuveiros elétricos da marca Hydra e da unidade de louças Deca em Queimados (RJ), além de reduzir a capacidade produtiva das demais unidades da Divisão Deca e de Revestimentos Cerâmicos. A reabertura das lojas de materiais de construção e home centers - em maio -, a não interrupção da atividade de construção civil e a agilidade na retomada da Duratex resultaram na melhora do desempenho da companhia, que demonstrou crescimento importante no decorrer do 2º trimestre, crescimento este confirmado no mês de julho, indicando um horizonte promissor para os próximos meses. Desde o final de junho estamos operando muito próximos da plena capacidade", comentou Henrique Haddad, vice-presidente de Administração, Finanças e RI.
Desde o início da pandemia da COVID-19, a Duratex tem tomado medidas que priorizam a segurança e saúde de seus colaboradores e sua liquidez financeira. O Comitê de Crise, instituído em março, formado por executivos de diversas áreas, seguiu atuando enquanto centro de informações, gerenciamento de riscos e auxiliando na tomada de decisões. Além das medidas de proteção à força de trabalho, alinhadas com as recomendações das autoridades sanitárias, as iniciativas de redução de custos continuam a ser implementadas na companhia, o que ajuda a compensar os efeitos da crise, sendo que parte será recorrente.
Na frente de Finanças, diante das incertezas do cenário econômico, a Duratex manteve-se focada em garantir a sua liquidez financeira. As ações da companhia na mitigação dos efeitos da crise já são perceptíveis em alguns índices, como a redução nos níveis de estoques do trimestre. Diante destes efeitos, o capital de giro do período foi positivo em R$ 80,9 milhões, levando a companhia a gerar R$ 69,1 milhões de caixa, se desconsiderados os valores relativos a projetos de expansão. No trimestre a Duratex efetuou investimento direto de R$ 211,0 milhões no projeto de construção da nova unidade de celulose solúvel (LD Celulose).
A Dívida Líquida da companhia encerrou o segundo trimestre do ano em R$ 2.180,1 milhões, R$ 121,3 milhões acima do apresentado no 1T20, o que levou a um índice de alavancagem de 2,55x, resultado dentro da média histórica da companhia. O aumento da alavancagem deu-se principalmente pelo investimento na nova fábrica da divisão de celulose solúvel somado à piora no cenário econômico, que levou a uma queda relevante do EBITDA, apesar de parcialmente compensado pela maior geração de caixa no período.