María Peña.
Washington, 2 jun (EFE).- O romance erótico "Fifty Shades of Grey", que explora a tortuosa relação entre um milionário e uma estudante universitária, encontrou um lugar em milhões de quartos e inspirou os sex shops dos Estados Unidos, mas também suscitou a censura em vários estados do país.
O livro, parte de uma trilogia da autora britânica (Erika Leonard) E.L. James, vendeu mais de três milhões de exemplares desde sua publicação, em abril, e se transformou, inesperadamente, em um grande sucesso. Sua autora é uma executiva e mãe de dois adolescentes que nunca antes havia escrito um livro.
No site oficial do romance, os leitores debatem acaloradamente e se dizem os atores apropriados para materializar em carne e osso a história em um filme, cuja filmagem já é planejada pela Universal Studios.
O livro explora a complicada história de amor entre Christian Grey, um arrojado empresário milionário que carrega uma pesada bagagem de abuso e abandono emocional em sua infância, e Anastasia Steele, uma tímida jovem universitária que se entrega, com uma mistura de medo e curiosidade, a seus prazeres mais obscuros.
Com um impressionante uso de linguagem sensual e simples, o romance inspirou oficinas para casais que buscam ampliar seu repertório e reavivar suas relações.
A loja Babeland, em Manhattan (Nova York), organizou na semana passada uma oficina na qual ofereceu conselhos para pôr em prática as cenas mais eróticas do romance, e os primeiros 25 que chegaram ao local receberam objetos como os que Christian usa para seduzir a modesta senhorita Steele.
A história também tem seguidores no Facebook e uma longa lista de espera nas bibliotecas em que ainda não foi vetada. Até o popular programa de comédia "Saturday Night Live" dedicou um espaço ao livro recentemente.
Seu sucesso, sobretudo entre as mulheres - audiência para qual é dirigida a saga - se explcica devido às mais íntimas fantasias de dominação e submissão deste grupo, segundo os analistas.
"O livro não apresenta nenhum elemento diferente neste gênero, mas foi escrito por uma mulher comum, que permite a outras se movimentarem dentro da fantasia para explorar sua sexualidade. Tudo começa no cérebro, e este romance permite as mulheres fantasiarem e alimentarem sua libido", declarou à Agência Efe a psicóloga Claudia Campos.
"Os homens pensam no sexo durante o dia, e as mulheres não costumam se permitir a fazer o mesmo. Uma fantasia de muitas mulheres é o sexo selvagem, e nesse ponto este romance toca na ferida", acrescentou.
Mas as frequentes e detalhadas cenas sexuais do casal - a qualquer hora e em qualquer lugar -, incluindo atos de sadismo e masoquismo, foram alvo de censura em dezenas de bibliotecas públicas na Flórida, Geórgia e Wisconsin, por considerá-lo "pornografia".
"Fifty Shades of Grey" ocupa o primeiro lugar na lista de livros do "New York Times", seguido pelos outros dois livros que completam a série, "Fifty Shades Darker" e "Fifty Shades Freed".
No entanto, apesar de seu sucesso, o romance ainda é desconhecido pelo presidente, Barack Obama, segundo reconheceu esta semana no programa "The View", da emissora "ABC".
O presidente respondeu às perguntas das cinco mulheres famosas que integram este programa matinal, entre as quais estavam a atriz Whoopi Goldberg e a jornalista Barbara Walters, mas desconhecia a resposta da pergunta sobre qual é o livro mais vendido segundo a lista do "New York Times" há 11 semanas.
"Não sei", confessou Obama, provocando sorrisos de cumplicidade entre a audiência no programa. "Perguntarei para Michelle quando chegar em casa", disse. EFE