Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - A Embraer (BVMF:EMBR3) está no caminho certo para cumprir sua perspectiva para o ano de 2023, disseram analistas, após as entregas da fabricante brasileira de aviões aumentarem 47% no segundo trimestre em comparação com o ano anterior.
Na semana passada, a Embraer reportou 47 entregas de aeronaves no período, incluindo 17 aviões comerciais e 30 jatos executivos, o que os analistas consideraram positivo no momento em que a empresa busca mitigar as interrupções na cadeia de suprimentos que atrasaram entregas nos últimos anos.
"Os resultados no geral foram bons, mostrando uma melhora significativa em relação ao primeiro trimestre, que é sazonalmente mais fraco", disseram analistas do Itaú BBA, liderados por Daniel Gasparete.
A empresa brasileira, a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo depois de Airbus (EPA:AIR) e Boeing (NYSE:BA), espera que as entregas saltem até 25,8% em 2023, para 200 jatos, considerando suas unidades de aviação comercial e executiva.
O resultado representaria o maior número desde 2017, quando a empresa entregou 210 aviões. Se considerada a meta mais conservadora de 185 jatos, a cifra ainda colocaria a companhia próxima aos patamares pré-pandemia, de 2019, quando as entregas totalizaram 198 aeronaves.
Os números trimestrais positivos podem ajudar a compensar uma dose de pressão após o desempenho da Embraer no Paris Airshow, em junho, quando investidores ficaram decepcionados com um fluxo de pedidos mais fraco do que o esperado.
As ações da empresa caíram cerca de 18% na semana seguinte ao evento e ainda não se recuperaram totalmente dessas perdas, embora os papéis ainda tenham alta de mais de 20% no acumulado do ano.
"As entregas vieram acima das expectativas, implicando riscos altistas para as receitas e fluxo de caixa livre no segundo trimestre", disse o JPMorgan (NYSE:JPM), que havia estimado entregas de 14 jatos comerciais e 26 executivos no período.
A carteira de pedidos da Embraer encerrou o trimestre em 17,3 bilhões de dólares, praticamente estável em comparação com o trimestre anterior.
O Itaú BBA disse que a manutenção do "backlog" em patamar estável apesar da aceleração nas entregas sugere um bom fluxo de pedidos, embora outros estejam mais céticos.
"O backlog ficou estagnado apesar do Paris Airshow", disseram analistas do Santander (BVMF:SANB11), que têm recomendação de "compra" para as ações da Embraer e consideram as metas da empresa para 2023 "viáveis" após o novo relatório de entregas.
"Paris não se transformou no gatilho esperado para a expansão do backlog. (Mas) do lado positivo, a Embraer pode anunciar novos pedidos nos próximos meses, refletindo discussões que começaram durante o evento."
Gustavo Teixeira, chefe de vendas da divisão de jatos executivos da Embraer na América Latina, disse à Reuters que a demanda pelos aviões tem se estabilizado em um patamar saudável depois que um forte aumento nos pedidos durante a pandemia de Covid-19, com a relação "book-to-bill" atualmente acima de 2,5.
A Embraer divulgará seus resultados completos do segundo trimestre em 14 de agosto.
(Reportagem de Gabriel Araujo)