RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora MMX informou nesta quarta-feira que vai paralisar de forma temporária a sua produção de minério de ferro, em meio a uma queda nos preços da commodity que agravam a situação financeira da empresa.
Um dia depois de negar que esteja avaliando um pedido de recuperação judicial, a mineradora do grupo de Eike Batista afirmou que planeja apresentar uma revisão do seu plano de negócios ao mercado, junto com a divulgação dos resultados do segundo trimestre, em 15 de outubro.
A empresa concederá férias coletivas a seus colaboradores envolvidos diretamente na operação da mina Serra Azul, em Minas Gerais, por 30 dias, a partir da primeira semana de setembro. Esse é o único ativo da mineradora atualmente em produção.
A decisão de interromper as atividades, segundo a MMX, foi motivada pela prolongada e acentuada queda dos preços do minério de ferro no mercado internacional, além de restrições operacionais impostas pelo órgão ambiental de Minas.
Em comunicado, a MMX disse que, para minimizar os efeitos dos preços baixos do minério, buscará redução de custos, otimização de recursos e modernização das instalações.
A empresa vem enfrentando dificuldades financeiras similares aos de outras companhias do grupo EBX.
A Óleo e Gás (ex-OGX) pediu no ano passado recuperação judicial, assim como a sua empresa irmã, a OSX, numa derrocada que se acelerou após a petroleira reconhecer não ter encontrado tanto petróleo como havia informado ao mercado.
"A gente não sabe se a empresa (MMX) vai conseguir postergar (a recuperação judicial) por muito tempo", disse William Araújo, executivo da equipe de análise da On Investimentos.
Em esclarecimento ao mercado na véspera, após notícia sobre um plano de pedido de recuperação judicial, a MMX disse que "não há qualquer deliberação em curso acerca dessa matéria junto à companhia".
"Quando olhamos a situação financeira, a geração de caixa, e todos os outros problemas (...), a gente diz que a situação da empresa está cada vez mais difícil", completou Araújo.
À Reuters, a MMX informou que, levando-se em consideração o estoque pré-existente e a produção do mês de agosto, a empresa dispõe de cerca de 300 mil toneladas de minério de ferro --esse volume é pequeno até mesmo comparado à exportações diárias do Brasil, que somaram 1,3 milhão de toneladas em julho, em média.
"O destino de suas vendas será estabelecido pelo departamento comercial da companhia buscando, obviamente, maximização do resultado", afirmou em nota.
Para a analista da Concórdia, Daniela Martins, o cenário internacional para as mineradoras não é positivo, ainda mais para empresas de menor porte.
As pequenas, ela explicou, são as que sofrem mais com os menores preços do minério de ferro. A solução tem sido buscar redução de custos e melhorias operacionais.
Nesta quarta-feira, as ações da companhia operam no seu pior nível da sua história, com perdas de 99 por cento ante o maior nível. Às 16h45, caíam 9,4 por cento.
A companhia vem tomando medidas para melhorar suas finanças desde o início do ano.
Dentre as operações que trouxeram algum alívio à MMX está a conclusão, em fevereiro, da operação de investimento de Trafigura e Mubadala no Porto Sudeste do Brasil (ex-MMX Porto Sudeste).
Além disso, em julho a MMX celebrou com a Vetria Mineração o arrendamento de direitos minerários localizados em Corumbá, Mato Grosso do Sul, e a cessão de determinados contratos à Vetorial Mineração.
(Por Marta Nogueira)