O momento econômico mundial no setor petrolífero não é favorável à política de desinvestimentos em curso na Petrobras (SA:PETR4), com a venda de ativos como a BR Distribuidora e a área de biodiesel, entre outros. Como diversas companhias no mundo também estão vendendo parte de seus ativos, por conta da baixa no valor do petróleo, o preço internacional está achatado, não refletindo o valor real dos bens da empresa brasileira.
A opinião é do coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel. Ele falou com jornalistas, em coletiva nesta quarta-feira (22), na sede da entidade, no centro do Rio, um dia após a Petrobras ter divulgado seu balanço anual referente à 2016. A estatal apresentou uma redução no prejuízo anual para R$ 14,8 bilhões, ao mesmo tempo em que demonstrou uma recuperação, no último trimestre do ano passado, com lucro líquido de R$ 2,5 bilhões. Em 2015, o prejuízo havia sido de R$ 34,8 bilhões.
“Todas as empresas estão vendendo ativos. Não é momento de se vender. É um momento ruim. Vai representar um prejuízo grande para a sociedade. A crise não é só da Petrobras. Todas as grandes operadoras de petróleo do mundo passam por esse problema, têm apresentado resultados negativos. O barril de petróleo caiu de US$ 140 em meados de 2014 e chegou a bater em US$ 27. Todas as empresas têm que rever os seus projetos e a rentabilidade que seus ativos lhe dão”, disse Rangel.
O líder petroleiro disse que o resultado do último balanço da companhia reflete os investimentos feitos no passado e que várias petrolíferas internacionais estão vendendo ativos justamente para investir no Brasil.
“A política atual da Petrobras faz com que ela perca preponderância no cenário de óleo e gás mundial. Nós passamos a ter uma importância enorme a partir da descoberta do pré-sal. Tanto no campo da engenharia, da tecnologia, do mercado de trabalho. A Petrobras, com a capilaridade que têm, não pode se dar ao luxo de desinvestir R$ 21 bilhões, de estar depreciando o seu patrimônio”, disse Rangel.
A Petrobras foi procurada para comentar as declarações do coordenador-geral da FUP e enviou nota destacando o posicionamento público do presidente da companhia, Pedro Parente, que participou ontem (21) do anúncio do balanço da estatal.
“Todos os nossos indicadores mostram que a gente precisa desses US$ 21 bilhões para chegar à nossa meta. Lembrando uma vez mais que a nossa dívida líquida ainda é perto de US$ 100 bilhões. Ainda é a maior dívida de todas as empresas relevantes de óleo e gás no mundo. Se você pegar todos os estados da federação, a dívida da Petrobras é maior do que a dívida de todos os estados, excluindo São Paulo. Nós não podemos descuidar desse assunto e nós não vamos descuidar”, disse Parente.