SÃO PAULO (Reuters) - O mercado brasileiro de veículos caminha para ter em 2014 um segundo ano consecutivo de queda de vendas e mantém perspectiva morna para 2015, mas isso não tem constrangido montadoras de lançar uma série de utilitários esportivos e picapes, contrariando tendência de dois anos atrás, quando a aposta no país era de carros compactos.
No Salão do Automóvel de São Paulo, aberto à imprensa nesta terça-feira, até a popular Fiat, por meio da recém-adquirida Jeep, fez lançamento de SUV. A montadora exibiu o compacto Renegade, prometendo desbancar Ford, Renault e General Motors da liderança do segmento de utilitários esportivos compactos.
A montadora norte-americana, que passou para o guarda-chuva de marcas da Fiat após a fusão do grupo italiano com a Chrysler neste ano, exibiu o Renegade para uma multidão de jornalistas descrente que o modelo será capaz de superar as vendas do EcoSport, da Ford, do Duster, da Renault, e da Tracker, da GM, já em 2015, quando começa a ser produzido na nova fábrica da marca em Pernambuco.
Para o presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a America Latina, Cledorvino Belini, a participação dos SUVs no mercado brasileiro deve dobrar nos próximos anos. Atualmente, a fatia está em 8 por cento das vendas totais de veículos leves no país, sendo que há quatro anos a participaçao era de 4 por cento. Segundo a Jeep, a fatia de SUVs nas vendas carros no mundo é de 18 por cento e, na América Latina, de 12 por cento.
No pano de fundo dessa expansão está a aposta da indústria em SUVs compactos, segmento inaugurado há alguns anos pela Ford e que teve vendas de 130 mil unidades em 2013, segundo o diretor da Jeep para América Latina, Sérgio Ferreira.
Em um ano em que o setor se vê obrigado a fazer promoções cada vez mais agressivas para ajudar a desovar estoques elevados, a aposta em SUVs e picapes pode ajudar as montadoras a conter queda em suas margens de lucro.
Além da FCA, a Honda surpreendeu jornalistas especializados ao anunciar que começará a produzir no Brasil o parrudo compacto HR-V, que está um degrau abaixo do utilitário de maior porte CR-V.
O HR-V foi lançado no Japão em 2013 e no Brasil dividirá espaço na fábrica da montadora em Sumaré (SP) com os carros mais populares da marca Fit, Civic e City. Isso vai ocorrer até que a nova fábrica da Honda em Itirapina (SP) fique pronta, no final de 2015. A expectativa da Honda é de vendas de 50 mil unidades por ano do HR-V no Brasil, cerca de um terço da capacidade atual da fábrica em Sumaré, disse o presidente da montadora para a América do Sul, Issao Mizoguchi.
A Renault mostrou o conceito Duster Oroch, que se for levado adiante vai marcar a entrada da empresa no competitivo segmento de picapes médias, disputado a tapas por Ford, GM e Volkswagen, que mostram modelos renovados de seus modelos no salão.
O presidente da Renault no Brasil, Olivier Murguet, evitou comentar se a montadora produzirá o Oroch no Brasil, mas afirmou que a Renault está avaliando a resposta do público sobre o modelo para se decidir.
Do mesmo grupo que a Renault, a japonesa Nissan mostrou o conceito Kicks, um SUV compacto projetado no Brasil e focado para ser competidor direto do EcoSport. O presidente da Nissan para o Brasil, François Dossa, afirmou que o conceito poderá se tornar realidade e ser produzido na fábrica da marca em Resende (RJ) a partir de 2016, mas que uma decisão ainda não foi tomada.
A Volkswagen foi outra marca a trazer conceito de utilitários ao salão, mostrando o T-ROC. A SUV projetada pela montadora alemã é baseada no hatch Golf e, se confirmada, vai reforçar a linha da companhia em um segmento abaixo do Tiguan.
(Por Alberto Alerigi Jr.; Edição de Luciana Bruno)