SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Moody's mudou nesta segunda-feira a perspectiva para o rating da Vale (SA:VALE3) de negativa para estável, mantendo a nota 'Ba1', citando maior visibilidade dos custos e passivos financeiros da mineradora após o rompimento de uma de suas barragens em Brumadinho (MG).
Após o desastre, a empresa provisionou um total de 6 bilhões de dólares no primeiro semestre de 2019, englobando ações para recuperação socioeconômica e ambiental das áreas afetadas pelo rompimento, recursos esses que serão desembolsados principalmente durante o período de 2019 a 2021, observou a Moody's em relatório.
"Como a Vale continua gerando fluxos de caixa livres positivos, não esperamos nenhum impacto significativo na liquidez ou alavancagem da empresa", argumentou.
"O retorno gradual das operações que foram suspensas após o acidente é também uma consideração para a perspectiva estável."
A Moody's ressaltou que a empresa já retomou 42 milhões de toneladas de capacidade anual de produção de minério de ferro, das 93 milhões de toneladas paralisadas em meio a uma revisão da segurança de suas atividades após a tragédia, que deixou cerca de 250 mortos confirmados.
A produção de 20 milhões de toneladas anuais poderá ser retomada gradualmente no fim de 2019 ou início de 2020 e as 30 milhões de toneladas restantes relacionadas ao descomissionamento de barragens de rejeitos poderão ser retomadas em até três anos, ressaltou a agência.
"Apesar de todos os desembolsos relacionados ao colapso da barragem, a Vale foi capaz de manter uma adequada posição de liquidez", disse a agência de rating, destacando que o atual endividamento da empresa, de 15,8 bilhões de dólares, é semelhante ao registrado ao fim de 2018.
Os ratings, no entanto, são limitados pelas implicações do rompimento em Brumadinho, principalmente da perspectiva ambiental, social e de governança, segundo a agência.
"Uma elevação os ratings da Vale exigirá evidência de aprimoramentos significativos da supervisão da governança corporativa, da gestão de riscos e controle da companhia, gradual normalização da produção, e que não haja nenhuma provisão adicional ou desembolsos materiais relacionados ao acidente", disse a Moody's.
A elevação do rating, destacou a Moody's, também dependerá de resultados positivos relacionados às ações judiciais e investigações, "em conjunto com a manutenção de um sólido perfil de crédito, liquidez e geração de fluxo de caixa livre positivo".
(Por Paula Arend Laier e Marta Nogueira)