Buenos Aires, 16 mar (EFE).- O primeiro ministro da Economia da última ditadura argentina, José Alfredo Martínez de Hoz, morreu neste sábado aos 87 anos na cidade de Buenos Aires.
Martínez de Hoz estava sendo processado pelo sequestro com extorsão dos empresários têxteis Federico e Miguel Gutheim e se encontrava sob prisão domiciliar desde 2010, afirmou a agência oficial "Télam".
O ex-ministro da ditadura vivia em um luxuoso edifício no centro da capital argentina e seu corpo será sepultado no cemitério Memorial, 50 quilômetros ao oeste de Buenos Aires.
De família de fazendeiros, Martínez de Hoz ocupou seu primeiro cargo público como ministro da Economia da província nortista de Salta no final da década de 1950 e, após o golpe de Estado de 1962, foi secretário e ministro da Agricultura e Pecuária do presidente José María Guido.
Durante sua gestão econômica durante a última ditadura militar (1976-1981), impulsionou políticas de liberalização e desregulação dos mercados que quadruplicaram a dívida externa argentina e prejudicaram notavelmente a indústria nacional.
O programa econômico impulsionado por Martínez de Hoz provocou também uma grande transferência de capitais ao exterior e a perda de poder aquisitivo para as classes médias e baixas argentinas.
Após o retorno da democracia em 1983, Martínez de Hoz foi preso por sua cumplicidade com a repressão, mas o ex-presidente Carlos Menem lhe indultou em 1990.
A Justiça argentina declarou em 2006 a nulidade de seu indulto e reabriu a causa pelo sequestro do empresário Federico Gutheim e seu filho Miguel, que foram detidos por um decreto do Poder Executivo em novembro de 1976 e libertados em abril do ano seguinte.
A ordem de detenção foi assinada pelo primeiro presidente da ditadura, Jorge Rafael Videla, mas durante seu cativeiro mantiveram reuniões com um representante da Secretaria de Comércio Exterior por disposição de Martínez de Hoz.
O ex-ministro tentou em várias ocasiões que a Justiça suspendesse a prisão domiciliar que pesava sobre ele "por motivos de saúde", mas a Câmara Federal voltou a negar seu pedido em dezembro passado. EFE
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