Por Dawn Chmielewski
LOS ANGELES, Estados Unidos (Reuters) - Quando a Sony (NYSE:SONY) apresentar o teaser de "Gran Turismo", sua esperada adaptação cinematográfica da franquia de simuladores de corridas de carros na feira de tecnologia CES 2023 nesta semana, ela exibirá sua nova identidade como uma empresa de conteúdo.
O filme reflete a transformação da criadora do Walkman e das TVs Bravia para um amplo provedor de entretenimento. A produção também representa uma ponte significativa entre a Sony Pictures, a Sony PlayStation e a Sony Music, de acordo com executivos do setor entrevistados pela Reuters.
"Eu defini nossa identidade como uma empresa de entretenimento criativo com uma base sólida em tecnologia", disse o presidente-executivo da Sony, Kenichiro Yoshida.
A aparição do filme na CES em um palco normalmente reservado para TVs de tela grande e robôs representa 10 bilhões de dólares em investimentos em música, videogames e animes nos últimos cinco anos, incluindo "The Last of Us" e "God of War".
"Gran Turismo" é um de 10 filmes e projetos para televisão inspirados em videogames que estão em vários estágios de desenvolvimento.
No mês passado, a Amazon (NASDAQ:AMZN) Prime Video encomendou "God of War", uma adaptação live-action do sucesso do PlayStation baseada na mitologia grega.
Um veículo elétrico desenvolvido por Sony e Honda (TYO:7267), programado para chegar aos consumidores até 2026, está sendo enquadrado como uma vitrine contínua das proezas de entretenimento, jogos e sensores de imagens da Sony.
Os projetos de alto perfil, que não poderiam ter acontecido até três anos atrás, surgiram de conversas entre executivos da Sony, enquanto tentavam trabalhar juntos de forma mais eficaz.
A Sony resistiu a perseguir a Netflix (NASDAQ:NFLX) com um serviço rival e evitou o apelo de um acionista para vender ou desmembrar seus ativos de mídia e entretenimento em 2020.
Em vez disso, fechou acordos para fornecer filmes para Netflix e Disney+ e séries para HBO, Amazon e Apple (NASDAQ:AAPL) TV+.
A mudança se reflete nos resultados da Sony, com dois terços do lucro operacional vindo de games, música e cinema. O lucro operacional subiu 8%, para 2,6 bilhões de dólares de julho a setembro, superando previsões de analistas. Em novembro, com o setor de música compensando a fraqueza do grupo em jogos, a Sony aumentou a previsão de lucro operacional para o ano.
"Isso é uma completa reviravolta desta companhia para algo que não se trata mais como apenas uma empresa de eletrônicos", disse Ulrike Schaede, professora de negócios especializada em companhias japonesas na School of Global Policy and Strategy, em San Diego.
Segundo ela, a Sony agora tem uma narrativa corporativa coerente que torna mais fácil unir as divisões da companhia.
"Está é uma nova Sony", disse ela. "Agora, eles vão conseguir entregar? Eu não sei."
CARTEIRA
A Sony lutou por décadas para alcançar a sinergia que a empresa promoveu com a aquisição da Columbia Pictures em 1989.
Na melhor das hipóteses, essas colaborações forçadas acabaram como colocação de produto em um filme ou promoção de marketing. Na pior, atrapalharam a adaptação à era digital.
Os executivos de entretenimento então criaram a PlayStation Productions: divisão dentro do grupo de jogos localizada no estúdio de Culver City, na Califórnia, e dedicada a adaptações para cinema e TV. Ela agia como um adido cultural do grupo Sony para Hollywood.
O resultado foi "Uncharted", o filme lançado em 2022 estrelado por Tom Holland, de "Homem-Aranha", e Mark Wahlberg. O filme rendeu 401 milhões de dólares em bilheterias e se tornou o filme mais assistido na Netflix quando lançado, em agosto.
Enquanto isso, um dos artistas mais populares da Sony Music, o rapper porto-riquenho Benito Ocasio, que interpreta "Bad Bunny", estrelará "El Muerto", filme baseado no universo de personagens da Marvel controlado pela Sony, que será lançado em 2024.
"A Sony é a única companhia da indústria de mídia que tem não apenas televisão ou cinema, mas música, videogames e tecnologia", disse Tony Vinciquerra, presidente da Sony Pictures.