Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Barreto, afirmou nesta terça-feira que não há evidência empírica que demonstre correlação entre a alta concentração no sistema financeiro brasileiro e o nível dos juros aos consumidores no país.
Falando a jornalistas após participar de evento promovido pelo Correio Braziliense, ele argumentou que o nível de concentração no Brasil está em linha com o que é visto em outros países do mundo.
Barreto pontuou ainda que autoridades como o Banco Central e o Cade devem se debruçar sobre a promoção de competitividade do setor para incentivar a queda dos juros, citando, por exemplo, a inserção de fintechs no mercado.
Sozinhas, as cinco maiores instituições financeiras do país -- Banco do Brasil (SA:BBAS3), Itaú, Bradesco (SA:BBDC4), Caixa Econômica Federal e Santander Brasil (SA:SANB11) -- responderam por 81,2% dos ativos totais do segmento bancário comercial em 2018, conforme dados do Banco Central publicados em maio.
Em linha com Barreto, o BC tem indicado que o spread bancário está mais correlacionado com concorrência do que com a concentração do setor. Por outro lado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já relacionou o alto lucro dos bancos no Brasil à existência de poucos grupos no mercado.
QUÓRUM NO CADE
Aos jornalistas, Barreto também disse acreditar que as indicações para o conselho do Cade devem ser realizadas "o quanto antes", ainda no mês de agosto, para que a autarquia já neste mês volte a ter quórum para votações.
Neste momento, os trabalhos do Cade estão paralisados pois quatro dos sete conselheiros tiveram seus mandatos de quatro anos finalizados.