SÃO PAULO (Reuters) - A fabricante de cosméticos Natura&Co avalia que conseguirá entregar neste ano uma melhora de seus resultados, após amargar no quarto trimestre prejuízo e queda de faturamento, afirmaram executivos da companhia nesta terça-feira.
As ações da companhia dona de marcas como Natura (BVMF:NTCO3), Avon, Aesop e The Body Shop despencavam cerca de 16% por volta de 11:55, liderando as perdas do Ibovespa, que subia 0,4%.
"Quero reforçar minha confiança total em nossa jornada para recuperação da lucratividade", afirmou o presidente-executivo, Fábio Barbosa, em conferência com analistas em inglês.
O executivo não fez projeções precisas, mas afirmou que ações executadas pela empresa no ano passado, que incluíram revisão da presença da The Body Shop, reajustes de preços e integrações de operações de marcas devem gerar frutos em 2023.
A companhia está focada em melhoria de margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) e geração de fluxo de caixa em 2023, depois de encerrar 2022 com queda de quase 24% no Ebitda ajustado e ver a margem recuar de 10,3% para 8,7%.
Executivos da companhia afirmaram que a Natura&Co ainda vê espaços para aumentos de preços de produtos em alguns países. Na América Latina, as receitas da marca Natura subiram 17,5% no quarto trimestre sobre um ano antes, enquanto a Avon mostrou evolução de 2,2% na região, pressionada por desempenho negativo da marca fora do Brasil.
Executivos da empresa afirmaram que a marca Avon está tendo desempenho positivo em algumas regiões como Oriente Médio e Ásia e Pacífico. Mas na Europa Central a marca tem sido impactada pela guerra na Ucrânia, enquanto Europa Ocidental e mercados desenvolvidos registraram resultados mais fracos.
"Nossos negócios no Brasil estão indo extremamente bem e a Avon melhorou lucratividade. Na América Latina enfrentamos ventos contrários...mas a marca Natura se provou na região e na Avon toda a reestruturação começou a melhorar a lucratividade", disse Barbosa.
Analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) consideraram fracos os resultados do quarto trimestre da Natura&Co, afirmando que a recuperação difícil da companhia os deixa mais conservadores em relação à empresa. Barbosa citou em seus comentários que 2023 será mais um ano "desafiador".
Luiz Guanais e equipe de analistas do BTG afirmaram em relatório a clientes enxergar a alta alavancagem em meio a um cenário de juros altos e os problemas na reformulação de suas operações Avon - na América Latina e no exterior - e The Body Shop como principais desafios.
Durante a conferência, executivos da Natura&Co afirmaram que a empresa está "trabalhando em sua estrutura de capital", mas não deram detalhes sobre eventuais ações futuras.
A Natura&Co encerrou 2022 com dívida líquida de 7,44 bilhões de reais, alta de quase 25% sobre um ano antes. A alavancagem medida pelo Ebitda sobre a dívida líquida passou de 1,52 vez para 3,49 vezes.
(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Paula Arend Laier)