Por Saliou Samb e Barbara Lewis
CONACRI/LONDRES (Reuters) - A mineradora BHP está perto de um acordo para alienar sua fatia no depósito de minério de ferro de Nimba, em Guiné, enquanto três grandes mineradoras disputam espaço para desenvolver metade da reserva de Simandou, localizada no mesmo país e maior área de minério de ferro inexplorada de que se tem conhecimento, disseram fontes próximas às negociações.
Guiné vem lutando há décadas para obter dinheiro com seu minério de ferro, cuja exploração não foi desenvolvida por causa de prolongadas disputas legais e pelo custo de infraestrutura.
A BHP (L:BHPB) (AX:BHP) também tenta há anos vender sua parcela no empreendimento de Nimba, que não se adequa à preferência da empresa por operações em economias estáveis e desenvolvidas. Fontes bancárias, falando sob condição de anonimato, afirmaram que o preço seria insignificante, já que a BHP está ansiosa para fechar um acordo.
Neste ano, uma alta nos preços do minério de ferro, impulsionada por interrupções por ciclones na Austrália e pelo rompimento de uma barragem da Vale (SA:VALE3) em Brumadinho (MG) em janeiro, aliada à resolução de uma das disputas legais que vinham bloqueando o desenvolvimento de Simandou, ajudou a reacender o interesse nos ativos guineanos.
Além do interesse em Simandou, houve também um fluxo de interesse em depósitos menores de minério de ferro nas proximidades da fronteira de Guiné com a Libéria, que teoricamente geraria uma rota de exportação muito mais curta em conexão à costa liberiana.
Os interessados no desenvolvimento são grandes personalidades do setor: Mick Davis, presidente-executivo do partido Conservador britânico e ex-chefe da Xstrata, o bilionário israelense Beny Steinmetz e outro bilionário do setor, Robert Friedland, que comanda a norte-americana HPX.
Friedland é o principal candidato a adquirir a fatia da BHP em Nimba, segundo duas fontes, que pediram anonimato.
Uma fonte guineana próxima às negociações disse que elas estão em "um estágio muito avançado", mas não forneceu mais detalhes.
BHP, Friedland e Abdoulaye Magassouba, ministro de Mineração e Geologia de Guiné, se recusaram a comentar.
Uma autoridade do governo local afirmou que três grandes grupos de mineração estão na disputa, mas preferiu não nomeá-los.
(Reportagem de Helen Reid e Barbara Lewis)