Por P.J. Huffstutter e Chris Prentice
CHICAGO (Reuters) - A Bunge é capaz de resistir a qualquer interrupção global no comércio agrícola decorrente das tensões entre Estados Unidos e China, graças a sua capacidade de processamento de soja na América do Sul e à expansão na Europa, disse o CEO da multinacional, Soren Schroder, durante um evento com investidores nesta quarta-feira em Nova York.
Embora as atuais tensões comerciais não sejam boas para o setor de grãos em geral, "a pegada da Bunge entra em jogo em momentos como este", disse Schroder.
A Bunge é uma empresa dominante no comércio de grãos na América do Sul, com ativos no Brasil que incluem fábricas, usinas, silos, centros de distribuição e terminais portuários.
A Bunge também tem forte presença na Argentina, o maior exportador mundial de farelo e óleo de soja. No ano passado, adquiriu duas unidades de esmagamento de oleaginosas da rival Cargill na Holanda e na França.
"Você pode arbitrar o fornecimento de soja a partir de qualquer origem", disse Schroder, que falava na conferência Farm to Market, da BMO Capital Markets.
Gigantes do setor de grãos como a Bunge, Cargill e Archer Daniels Midland (ADM) aproveitaram as tensões comerciais entre os Estados Unidos e vários de seus principais mercados de exportação, incluindo a China, para reverter as dificuldades de unidades após um dos anos mais difíceis para a industria.
As crescentes disputas comerciais estão afetando as cadeias de fornecimento agrícolas em todo o mundo, com o México comprando mais milho do Brasil e os navios que transportam as exportações de sorgo dos EUA alterando rotas depois que a China aumentou as exigências para os compradores.
Além das tensões comerciais, uma seca na Argentina levou alguns processadores de soja a comprar soja norte-americana para entrega na Hemisfério Sul.
Mas a Bunge não é uma delas, disse Schroder. No momento, as margens não justificam tais movimentos, disse ele, e a companhia não acredita que o volume de tais fluxos comerciais seja particularmente significativo.
Ainda assim, disse Schroder, a empresa irá fornecer a soja dos EUA para suas instalações na América do Sul se as margens justificarem isso.
AÇÚCAR
Schroder disse que a Bunge preparou sua unidade brasileira de produção de açúcar para "ficar em pé sozinha". A empresa tem procurado vender os ativos de açúcar no país desde 2013, mas por causa de uma retração no setor e do alto preço pelo qual a Bunge comprou as usinas, nenhum negócio surgiu.
Os preços do açúcar bruto estão em mínimas de vários anos, à medida que a oferta global do adoçante supera a demanda.
Nesta quarta-feira, a Bunge publicou na Comissão de Valores Mobiliários o prospecto preliminar para o IPO de seu negócio de açúcar e etanol no Brasil, que não prevê emissão de novas ações.
A medida "nos dá a opção de tornar a empresa pública, se assim quisermos, dependendo do ambiente", disse o vice-presidente-executivo e diretor financeiro, Thomas Boehlert.
"Então, nós manteríamos uma participação majoritária e participaríamos da empresa, e potencialmente sairíamos completamente da estrada."