Por Eliana Raszewski
BUENOS AIRES (Reuters) - Um promotor argentino acusou nesta quarta-feira a presidente do país, Cristina Kirchner, de tentar organizar um encobrimento na investigação sobre o Irã relacionada ao atentado a bomba de 1994 contra a Amia, centro comunitário judaico, em Buenos Aires.
O promotor do Estado Alberto Nisman, investigando a explosão que matou 85 pessoas, disse que a presidente pressionou para retirar as acusações e normalizar as relações como uma maneira de conseguir o petróleo iraniano necessário para reduzir o déficit em energia de 7 bilhões de dólares por ano da Argentina.
O petróleo seria trocado por grãos de acordo com o plano do governo, disse Nisman.
Nisman afirmou que fez um pedido para que um juiz interrogasse Cristina e Héctor Timerman, ministro do Exterior, "por serem autores e cúmplices de um encobrimento agravado e uma obstrução da Justiça no caso dos iranianos acusados do ataque terrorista à Amia".
Cortes argentinas acusam o Irã de patrocinar o ataque. O Irã, em negociações com os Estados Unidos para terminar com o impasse sobre o seu programa nuclear, nega ter relações com o atentado.
Aníbal Fernández, chefe de gabinete da presidente, declarou que as acusações do promotor são "ridículas". No entanto, elas podem causar problemas para a presidente, que está nos seus últimos meses de mandato. A Argentina tem eleições em outubro, e Cristina não pode concorrer a um terceiro mandato consecutivo.
"Essa é uma acusação muito séria, provavelmente a mais séria feita contra Cristina Fernández (de Kirchner) durante o seu governo", afirmou Ignacio Labaqui, analista para a Argentina da consultoria de mercados Medley Global Advisors.
"O promotor a está acusando de ser responsável por uma manobra para encobrir o pior ataque terrorista da história da Argentina", acrescentou.