Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, pretende acelerar a venda de participações do banco em empresas, devolver recursos ao Tesouro Nacional, além explicar a chamada caixa preta, segundo apresentação interna feita pelo executivo à qual a Reuters teve acesso.
Na apresentação, Montezano declarou que vai trabalhar no banco para a devolução de até 126 bilhões de reais ao Tesouro.
O banco de fomento já aprovou a devolução de 30 bilhões ao Tesouro Nacional. Na última década, o Tesouro irrigou o BNDES com cerca de 500 bilhões de reais que eram repassados em empréstimos subsidiados. Mas recentemente, o banco vem devolvendo parte desses recursos ao governo.
"Ele falou em devolver 126 bilhões. Tem que fazer para chegar a isso. Mas como o desembolso está baixo, acho que é possível", disse uma fonte em condição de sigilo.
Montezano deve tomar posse nos próximos dias, substituindo
Joaquim Levy, que deixou o cargo após ter sido criticado em público pelo presidente Jair Bolsonaro.
Outra meta de Montezano mostrada no documento é acelerar a venda de participações detidas pelo do BNDES por meio de seu braço BNDESPar em empresas como Petrobras e Vale.
"O presidente disse que a ideia é transformar o BNDES numa agência especializada ou banco de serviços do governo, em complemento ao mercado, e que a lucratividade não será mais uma meta", afirmou uma segunda fonte familiarizada com o assunto.
Montezano também definiu como objetivo em até oito semanas "explicar a caixa preta", expressão usada pelo governo Bolsonaro para financiamentos dados pelo banco a empresas brasileiras que prestaram serviços, em sua maioria de engenharia, a países do exterior. Segundo Bolsonaro, os financiamentos tiveram viés ideológico e causaram prejuízos ao país.
Consultado sobre a apresentação feita por Montezano, o BNDES não se manifestou de imediato.