Investing.com – Lucros em alta de um lado, olhar atento para inadimplência de outro. Analistas destacaram as tendências favoráveis de expansão do Nubank, mas as incertezas a respeito da deterioração da qualidade dos ativos seguem no radar e trazem repercussão distinta para os ativos no mercado local e internacional.
Às 13h56 (de Brasília), as ações da Nu Holdings (NYSE:NU) no mercado americano subiam 3,15%, a US$13,11, enquanto os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) (BVMF:ROXO34) recuavam 3,10%, a R$11,87.
A fintech dobrou o lucro líquido ajustado na base anual. O indicador chegou a US$563 milhões, contra resultado de US$263 milhões apurado um ano antes. A receita somou US$2,848 bilhões, acima do US$1,868 bilhão registrado no mesmo período do ano passado.
“Resultados sólidos, parcialmente ofuscados por preocupações com a qualidade do crédito”, considerou a XP Investimentos (BVMF:XPBR31). Os analistas Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, que citaram esses receios em documentos divulgados anteriormente, afirmam que “a qualidade dos ativos se tornando cada vez mais difícil de entender”. Assim, a XP segue neutra na ação, com preço-alvo de R$7,7.
O Nubank apresentou dados avaliados como positivos pelo BB Investimentos, com um retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) trimestral de 28,4%. “O resultado foi favorecido, na mesma tônica dos trimestres mais recentes, por expansão generalizada de receitas aliada a despesas bem administradas, contando ainda com um custo do crédito menor”, apontou o analista Rafael Reis. Em relatório, citou como destaques positivos o recorde de receitas e lucro líquido, além das margens financeiras e receitas de tarifas, enquanto a carteira de crédito recuou na base trimestral.
No entanto, os bancos vinham mencionando visão divergente de investidores locais e globais, com resistência relacionada às preocupações com a qualidade dos ativos e impactos da recente desvalorização cambial. Mesmo com os ganhos robustos, o foco dos relatórios de analistas de grandes instituições financeiras esteve na inadimplência, principalmente a mais longa.
Câmbio afeta resultados
O dólar pesou no comparativo trimestral, tendo em vista a atuação no Nu principalmente no Brasil, enquanto reporta indicadores na moeda americana devido a sua listagem em Wall Street, nos Estados Unidos.
As tendências operacionais em dólar foram impactadas negativamente por um real mais fraco, de acordo com Bank of America (NYSE:BAC) (BofA), que segue neutro na ação, com preço-alvo de US$12,80. Do lado positivo, os analistas Mario Pierry e Flavio Yoshida mencionam a alta na margem bruta de 47,7% no segundo trimestre, que estaria acima do guidance da fintech de 43-44% para o ano. De acordo com o BofA, o lucro líquido veio acima do previsto diante de menores encargos de provisão, apesar da forte deterioração do resultado trimestral, com NPLs piorando no ritmo mais rápido em 4 anos.
Desconsiderando esse efeito, o BB Investimentos disse que houve manutenção nas principais tendências de crescimento e rentabilidade previstas pelo banco. O BB Investimentos segue com recomendação de compra para o roxinho, mantendo preço-alvo em US$15,60 para o final de 2025, enquanto ajustou o preço-alvo do BDR a R$13,80, refletindo um câmbio projetado ao término de 2025 mais elevado.
Inadimplência (nem toda ela) como ressalva segue monitorada
Analistas seguem monitorando a qualidade dos ativos. A inadimplência abaixo de 90 dias recuou de 5% no primeiro trimestre para 4,5% no segundo, enquanto a acima de 90 dias subiu de 6,3% para 7% - esta última mencionada como alerta por muitos analistas.
Antes do balanço, o UBS BB elencou duas visões, uma otimista e uma pessimista, que levavam a sua recomendação neutra na ação, com preço-alvo de US$13,5. Enquanto o Nu conquistou sucesso em sua estratégia de venda cruzada de produtos de empréstimos, a qualidade dos ativos pode limitar a expansão dos empréstimos em breve.
Após os resultados, os analistas do UBS BB Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Beatriz Shinye destacaram os lucros fortes, com diminuição nas provisões, mas com empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes (NPL, na sigla em inglês) mais elevados.
“O custo do risco da fintech mostrou uma queda sequencial, enquanto a maioria das outras métricas de qualidade de ativos registrou deterioração sequencial”, lamentaram os analistas.
A administração teria afirmado que a alta no NPL seria, em grande parte, sazonal, explicou o Goldman Sachs (NYSE:GS) após a conferência de resultados. “Além disso, a administração espera que o crescimento dos empréstimos pessoais acelere no segundo semestre, o que deverá beneficiar a margem financeira ajustada ao risco”, completam Tito Labarta, Tiago Binsfeld, Beatriz Abreu e Lindsey Shema. A indicação do Goldman para Nu é de compra, com preço-alvo de US$17.
O BB Investimentos questionou se a alta na inadimplência ofusca a expansão continuada do Nu, mas disse que o balanço suavizou as preocupações crescentes quanto à recente escalada de sua inadimplência.
“Não apenas a inadimplência curta mostrou recuo, mas quando considerado o custo do crédito, a margem financeira, na verdade se expande, reafirmando que a fintech não se propõe a estar no jogo de inadimplência baixa, mas de balancear riscos condizentes com rentabilidade adequada sobre suas linhas e seu público-alvo”, ponderou.
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