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O ano em que a eurozona planejou uma estratégia de saída da crise

Publicado 19.12.2012, 16:06

Céline Aemisegger.

Bruxelas, 19 dez (EFE).- Os países que compartilham o euro terminam um ano em que viram várias de suas economias chegarem ao fundo do poço e quando as pressões sobre alguns deles, como Itália e Espanha, acompanharam as incertezas em relação ao futuro da Grécia.

Mas, 2012 também foi o ano em que os 17 países da eurozona começaram a vislumbrar, embora timidamente, uma estratégia para sair da crise.

Apesar de 2011 ter sido um ano de crise em que o euro perdeu seu brilho e a eurozona cambaleou, 2012 foi o da entrada em uma nova recessão para esses países e no qual seus líderes se viram obrigados a deixar de lado os remendos e começar a desenhar uma estratégia única para sair da crise.

Nela se contempla avançar rumo a uma união bancária, orçamentária, econômica e política.

"O pior seria adiar as decisões", levando em conta que 2013 "não será fácil" com base nas projeções macroeconômicas elaboradas pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu (BCE) e que apontam que a crise persistirá nos próximos 12 meses, disse à Agência Efe o economista-chefe do Centro de Política Europeia (ECP, em inglês), Fabian Zuleeg.

Para o analista Zsolt Darvas, do Centro de estudos Bruegel de Bruxelas, 2012 "foi definitivamente pior do que o ano passado".

Este ano começou em meio a uma ilusória calmaria depois das duas operações de injeção de capital que o BCE realizou nos bancos em dezembro de 2011 e em fevereiro.

Além disso, a eurozona salvou mais uma vez a Grécia do abismo com um segundo resgate com o qual o setor privado assumiu uma quitação substancial sobre os bônus gregos.

Em março e nesse turbulento contexto, o presidente do BCE, Mario Draghi, se mostrou convencido de que "o pior da crise do euro já passou", embora tenha admitido que continuava havendo alguns riscos.

Darvas informou à Efe que o pessimismo ganhou força com novas dúvidas sobre o futuro da Grécia na eurozona e um aumento gradual da pressão sobre a dívida soberana da Itália e da Espanha até o fim de julho.

A Grécia precisou de dois processos eleitorais (em maio e em junho) para formar um Governo de coalizão, deixando em ponto morto o programa de ajustes e reformas estipulado com seus membros.

Nem a decisiva cúpula europeia de 29 de junho, quando foi pactuada a recapitalização direta dos bancos e a futura criação do supervisor bancário único, nem a ajuda europeia de até 100 bilhões de euros que a eurozona acordou para reestruturar o sistema financeiro espanhol conseguiram mudar os ventos dos mercados.

O prêmio de risco espanhol chegou um mês depois a 650 pontos básicos, recorde histórico desde a criação do euro, e o rendimento atingiu 7,75%, alimentando o temor de que a Espanha tenha que pedir um programa de ajuda completo ou parcial.

O Chipre foi o quarto país da eurozona a solicitar um resgate.

E foi Draghi que conseguiu acalmar as águas, quando em Londres afirmou que o BCE "fará tudo que for necessário para preservar o euro e, acreditem em mim, será suficiente". Essa breve frase bastou para dar um alívio aos líderes no verão.

Além disso, "Super Mario" - apelido que deram ao economista italiano - anunciou em agosto o plano de compra de dívida no mercado secundário de países que solicitem a intervenção do fundo de resgate da eurozona.

Esse órgão do BCE para os mercados, com sua disposição a emprestar aos bancos todo o capital de que precisarem até julho de 2013 e a remodelação em novembro do resgate à Grécia que inclui o compromisso da eurozona de considerar mais medidas quando alcançar um superávit primário, permitiu à Europa ganhar tempo.

Porém, o cenário que vem pela frente mantém um clima de incerteza, como ocorre com a Grécia, disse Zuleeg, que também lembrou que há outras nuvens no horizonte como a apuração a que os mercados submetem agora à França.

Outro elemento, acrescenta, que pode aparecer é um "grande enfrentamento político" entre o Reino Unido, por seu crescente eurocepticismo, e a União Europeia, que poderia resultar em um referendo no qual provavelmente daria o "não" à UE.

No entanto, o analista afirmou que "se a UE fizer o certo", pode "estabelecer em 2013 as bases para a recuperação". EFE

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