Newport News (EUA.), 26 fev (EFE).- O presidente de EUA, Barack Obama, sustentou nesta terça-feira que a economia e a segurança nacional sofrerão se forem aplicados os cortes nos gastos públicos previstos para enfrentar o déficit, em discurso no qual enfatizou os efeitos negativos para o setor militar e de defesa.
Obama elegeu um estaleiro de Newport News (Virgínia) para voltar a pedir ao Congresso que evite esses cortes, avaliados em mais de US$ 85 bilhões e que devem entrar em vigor na sexta-feira, no marco da campanha iniciada pela Casa Branca para advertir sobre suas desastrosas consequências.
O "sequestro", como são conhecidas essas reduções orçamentárias, "terão efeitos ainda piores", destacou Obama em discurso perante cerca de mil trabalhadores da empresa "Huntington Ingalls Industries" (HII) no estaleiro de Newport News, o maior empregador do setor industrial na Virgínia.
"Quanto mais se prolonguem esses cortes, maior será o prejuízo", alertou Obama ao rejeitar o plano dos republicanos, que pretendem ir em frente com a medida e dar mais flexibilidade ao Governo para decidir onde e como aplicar as reduções.
Os cortes, que chegam a US$ 1,2 trilhão durante os próximos 10 anos, provocariam uma redução indiscriminada do orçamento das agências federais, exceto para alguns programas obrigatórios como o Medicaid (de saúde) e os cupons de alimentos.
Antes de seu discurso, Obama visitou um módulo de construção de submarinos nucleares no estaleiro, que também fornece e repara navios e porta-aviões para a Marinha americana.
O Departamento de Defesa será precisamente um dos mais afetados se forem aplicados os cortes e o estado da Virgínia, muito dependente da indústria militar, pode perder "milhares de empregos", segundo disse o presidente.
Só na Virgínia, cerca de 90 mil trabalhadores civis do Departamento de Defesa terão que acolher as reduções salariais se a medida entrar em vigor.
Além disso, terá que ser cancelada a manutenção de 11 navios na base naval de Norfolk, também localizada na Virgínia e uma das maiores do mundoo, e haverá atrasos em vários projetos, de acordo com a Casa Branca.
O Pentágono já se viu obrigado inclusive a reduzir sua presença no Golfo Pérsico.
"Vamos perder muita gente. Nossa produtividade vai cair", disse à agência Efe Ricardo Alfonso Palacios, nascido em Honduras e trabalhador do estaleiro.
Obama viajou para Newport News acompanhado de dois congressistas, o democrata Bobby Scott e o republicano Scott Rigell, como exemplo do "compromisso" bipartidário que em sua opinião requer para impedir os cortes.
Rigell é um dos poucos republicanos que acham, da mesma forma que Obama e os democratas, que para evitar os cortes é necessário um acordo que combine reduções orçamentárias em alguns programas sociais com uma reforma tributária para aumentar a carga imposta aos cidadãos mais ricos.
A maioria dos republicanos, incluindo o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso, John Boehner, se opõem ao aumento dos impostos aos ricos e às grandes corporações para que a fazenda pública tenha mais renda.
"Estou mais que disposto a negociar", reiterou hoje o presidente, que pediu aos republicanos que deixem de lado "os jogos políticos" e falou que é o Congresso o único "com poder" para impedir os cortes.
Outro trabalhador do estaleiro, Don Wyan, comentou que está "otimista", apesar de faltar apenas três dias para tentar evitar os cortes e indicou que "ainda há espaço para um acordo" no Congresso. EFE
mb/ff