LIMA (Reuters) - A construtora Odebrecht, que confessou a prática de suborno em 12 países da América Latina, incluindo o Peru, pode ter que deixar todas as obras que tem no país andino em no máximo seis meses, disse o presidente Pedro Pablo Kuczynski à imprensa local, em uma entrevista publicada neste domingo.
A Odebrecht, que atua no Peru há quase quatro décadas em obras de infraestrutura, energia, irrigação e indústria, está sendo investigada em um grande escândalo de corrupção que envolve os três últimos governos do país.
"É um tema complexo porque é uma empresa muito grande que tem várias obras em andamento no Peru e, obviamente, o que deve haver é uma saída gradual”, disse Kuczynski ao jornal La República. "Estamos vendo como eles podem sair sem prejudicar os projetos", acrescentou.
Questionado sobre quanto tempo a saída da maior construtura latino-americana poderia demorar, a fim de deixar todas as obras no país, o presidente disse que "seis meses, talvez menos".
Kuczynski, um ex-banqueiro que assumiu a Presidência no ano passado, já havia manifestado anteriormente seu desejo de que a empresa brasileira deixasse o Peru e que devolvesse o dinheiro pago em subornos para ganhar obras públicas.
A Odebrecht reconheceu, no fim do ano passado, ter entregue subornos de 29 milhões de dólares no Peru entre 2005 e 2014, após um grande acordo judicial entre a empresa e a justiça dos Estados Unidos.
Na última década, a construtora brasileira conquistou contratos de 12 bilhões de dólares no Peru.
(Reportagem de Marco Aquino)