Washington, 9 jul (EFE).- A OEA aprovou nesta terça-feira uma resolução em que "condena" o tratamento dado ao presidente da Bolívia, Evo Morales, no incidente ocorrido na Europa com seu avião, e fez um pedido para que França, Itália, Portugal e Espanha deem explicações e as "desculpas correspondentes" em relação ao acontecido.
Os países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovaram nesta terça-feira uma resolução apresentada por Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela e modificada várias vezes durante a reunião, mas que finalmente voltou a seu ponto inicial de "condenar" explicitamente a ação das nações europeias.
A resolução foi aprovada por consenso, mas EUA e Canadá expressaram sua oposição explícita em uma nota de pé de página do documento, por considerar que ainda não foram esclarecidas as circunstâncias do incidente diplomático e que o assunto deve ser tratado em nível bilateral entre a Bolívia e os países europeus.
O documento final "condena as ações que violam as normas e princípios básicos do direito internacional, como a inviolabilidade dos chefes de Estado".
Também concluiu com uma exigência "aos governos de França, Portugal, Itália e Espanha para que ofereçam as explicações necessárias sobre os fatos ocorridos com o Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Evo Morales Ayma, assim como as desculpas correspondentes".
Além disso, o texto expressou a "solidariedade dos Estados-membros da OEA" com Morales, ressaltou a "vigência plena" das normas internacionais e encomendou à Secretaria-Geral do organismo que "dê seguimento ao conteúdo" da resolução.
O observador permanente da Espanha na OEA, Jorge Hevia, considerou que a reunião "foi um pouco teatral, pois o texto já estava pronto", e lamentou que não tivesse um tom mais "positivo".
"Estamos abordando esse tema em nível bilateral com nossos amigos bolivianos, achamos que as coisas estão indo bem e gostaríamos que algumas das coisas que dissemos nesta manhã fossem refletidas no texto final", disse Hevia.
O embaixador da Itália na OEA, Sebastiano Fulci, que tinha pedido que a menção a seu país fosse retirada da resolução, considerou "inaceitável" a manutenção dela no mesmo quando seu caso "não tem nada a ver com o dos outros países".
"A OEA se transformou em tribunal que julgou a Itália como culpada, sem provas, sem escutar o que dissemos. Acho que é muito grave, o vou tratar com meu governo e acho que vai ter alguma reação", disse Fulci.
Por outro lado, o embaixador da Bolívia na OEA, Diego Pary, comemorou a resolução, rejeitou que a reunião foi um "teatro" e ressaltou que a Bolívia "continuará lutando pela dignidade e a justiça dos bolivianos". EFE