Por Manas Mishra e Jennifer Rigby
(Reuters) - A Organização Mundial da Saúde e seus parceiros criaram nesta sexta-feira um esquema para ajudar a levar vacinas, testes e tratamentos contra mpox para as pessoas mais vulneráveis nos países mais pobres do mundo, semelhante aos esforços durante a pandemia da Covid-19, depois de aprovar a primeira vacina contra a doença de rápida disseminação.
As medidas devem facilitar o acesso dos países africanos mais afetados à vacina, no momento em que um novo tipo de vírus mpox se espalha da República Democrática do Congo para seus vizinhos. A OMS declarou o surto como uma emergência de saúde pública global.
"Juntamente com outras intervenções de saúde pública, as vacinas, a terapêutica e o diagnóstico são ferramentas poderosas para controlar os surtos de mpox na África", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Ele afirmou que a Covid-19 mostrou a necessidade de colaboração internacional para tornar o acesso mais justo. Durante a pandemia, muitos países de baixa renda foram deixados para trás na corrida global por recursos médicos, especialmente vacinas.
Os países europeus, os Estados Unidos e o Japão já se comprometeram a doar 3,6 milhões de doses das duas principais vacinas usadas contra mpox, informou a OMS na sexta-feira. As vacinas devem começar a ser aplicadas a partir de 2 de outubro com as primeiras parcelas de doações.
A OMS pediu que mais países doem vacinas que foram originalmente desenvolvidas e estocadas pelas nações ricas para mpox, e disse que trabalharia com os países afetados para levá-las às pessoas em maior risco.
Mais cedo na sexta-feira, a OMS anunciou a aprovação da vacina da Bavarian Nordic (CSE:BAVA), conhecida como Jynneos nos Estados Unidos. Também está considerando a LC16, produzida pelo fabricante japonês KM Biologics.
A aprovação, conhecida como pré-qualificação, significa que as agências da ONU podem agora comprar as vacinas, além de ajudar a coordenar as doações. A aliança de vacina Gavi cofinancia a compra de vacinas para países de baixa renda dessa forma e tem até 500 milhões de dólares para gastar com a mpox.
A OMS tem sido criticada por agir muito lentamente com relação às vacinas contra mpox.
A vacina da Bavarian Nordic tem sido usada em todo o mundo desde 2022, depois que os órgãos reguladores dos EUA e da Europa a apoiaram para uso contra uma cepa diferente de mpox que se espalhou globalmente em 2022.
A OMS só iniciou formalmente o processo em agosto deste ano.
Outros fatores, incluindo o preço de aproximadamente 100 dólares da vacina, surtos de doenças concorrentes e processos lentos em países gravemente afetados, como o Congo, também desempenharam um papel importante.
(Reportagem de Manas Mishra e Mrinmay Dey em Bengaluru e Jennifer Rigby em Londres)