FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) não deve reduzir suas agressivas medidas de estímulo até que a economia da zona do euro alcance seu potencial de crescimento e a inflação volte a 2%, disse o membro do conselho do BCE Fabio Panetta nesta segunda-feira.
O BCE, que manteve sua política monetária inalterada na semana passada, deve decidir em junho o futuro de suas compras de títulos de emergência, seu principal elemento de resposta à pandemia do coronavírus, que paralisou a economia da zona do euro.
Panetta disse que o BCE pode e deve manter o crédito barato por um longo tempo, mesmo que os custos dos empréstimos aumentem em todo o mundo como resultado de uma expansão da economia norte-americana.
"Essa evidência sugere que devemos evitar retirar o apoio da política monetária --deliberadamente ou tolerando repercussões adversas-- até que o hiato do produto seja fechado e vejamos a inflação voltar de forma sustentável a 2%", disse Panetta em discurso.
"Para o BCE, isso significa que teremos de manter condições de financiamento muito favoráveis para muito além do fim do período de pandemia", acrescentou.
Panetta, representante da Itália no conselho do BCE, disse que não conseguir trazer a inflação de volta para 2% tornaria o fardo da dívida mais pesado para o setor privado, bem como para os governos, e prejudicaria os segmentos mais pobres da sociedade.
Ele pediu aos governos que investissem mais, estimando que um investimento produtivo de cerca de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e no próximo traria o crescimento econômico de volta a sua tendência pré-pandemia.
O BCE oficialmente busca uma taxa de inflação "abaixo, mas perto de 2%", mas fontes disseram à Reuters que o banco vai ajustar a meta para 2% como parte de uma revisão estratégica em andamento.
(Por Francesco Canepa)